*Por Josealdo Silva- filósofo, psicólogo e psicanalista, em parceria com Joilson S. Aguiar, filósofo e graduando de Psicologia.
Sem sombras de dúvidas vivemos a era da informação, mas uma era de grande escassez de conhecimento onde o sujeito do conhecimento não mais existe o discurso do mestre e o da academia entrou em ruínas. E é segundo este pensamento que podemos contemplar o que nos diz o Biólogo Estadunidense Edward Osborne Wilson: “Estamos nos afogando em informações e famintos por sabedoria”.
No mundo contemporâneo em que vivemos,
a informação está a um clique, não mais existe uma distância entre o sujeito e
conhecimento, é claro que toda essa gama de informação está solta e
desorganizada é preciso que o sujeito frente a isto tenha um pensamento linear,
senso crítico e desconfiança, como nos ensina o Sociólogo Polonês Zygmunt
Bauman: “Desconfiança é um senso de sobrevivência. Todos estão em uma
posição estável.”.
Nesta perspectiva é que travei um
longo debate com o filósofo Josealdo, sobre as questões que permeiam todo o
imaginário dos fatores que desencadearam esse declínio no mundo contemporâneo,
após visitarmos a história da educação do Brasil e a construção teórica do
Educador Paulo Freire, conseguimos traçar possíveis causas para tal declínio,
nos colocamos a pensar sobre a ótica dos modelos pedagógicos do sistema
educacional brasileiro ao longo do tempo e da obra de Paulo Freire a “Pedagogia
do Oprimido”. Verificamos que todos esses modelos tinham em seu bojo, ideais de
mudanças e transformações para sociedade e para o sistema educacional, mas que
de fato não se consolidaram. Modelos como a pedagogia liberal, pedagogia
tradicional, renovada progressista, renovada não diretiva, tecnicista:
tendência à formação de mão obra para o mercado de trabalho que ainda é
imperativa no País, pedagogia progressista, libertadora, libertária, e a
critico social dos conteúdos: cuja tarefa primordial é a difusão de conteúdos
vazios e sem sentidos, cabe aqui parafrasear o músico brasileiro Raul Seixas,
conteúdos que nada dizem de importante.
A academia, como é proposta pela Lei
de Diretrizes e Bases da Educação no artigo. 43, nos leva refletir sobre as
propostas para o ensino superior: Temos realmente o que dizem oferecer? Fazemos
ciência? O espaço é livre para as múltiplas formas de pensamentos? Qual a
relação academia e sociedade? De que forma a academia tem se relacionado e
contribuído em respostas para as questões sociais? A visão que temos como
filósofos é pessimista e somos forçados a acreditar no que vemos e ouvimos
todos os dias em salas de aula e corredores da academia uma paixão avassaladora
por textos fragmentados, fotocópias que somam milhares de folhas de papel fora
de seus contextos originais o todo não é mais importante os livros são peças de
museu a decorar a biblioteca. A sensação que temos é de estarmos vivendo um
retrocesso de todo esse processo histórico educativo em um País que parece não
ter memória, “retornamos ao conteudismo”.
O que chamamos de "ensino slidiano" é
uma referência à inserção de tecnologias no processo ensino-aprendizado, em
especial, o slide, um objeto libidinizado pelos mestres, não as tecnologias em
si, mas o mau uso das mesmas.
O quadro branco está quase entrando
em extinção, servindo apenas como objeto decorativo da sala de aula, a moda
agora é esse objeto libidinizado que de alguma forma desobriga os mestres a ter
pleno domínio dos conhecimentos a ser repassado o que pode gerar grandes
problemas porque agora os alunos não interrogam os mestres em busca de
respostas eles querem é verificar as informações que estão sendo transmitidas.
Os mestres agora precisam mais do que nunca trabalhar suas
contratransferências, não rivalizar com os alunos quando forem questionados ou
quando os alunos se mostrarem contrários as suas posições e chamais tomarem
como agressividade tal postura, agora todos sabem.
Por fim: não nos julguem como
detratores, são apenas provocações e questionamentos a fim de pensarmos formas
de relacionamentos os mesmos são frutos de nossa epilepsia de ideias e
pensamentos.
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