*Por Bruno do Amaral/Teletime
A Claro assinou uma parceria com a companhia de maquinário agrícola e construção civil John Deere para ampliar a cobertura e a conectividade nas áreas rurais no País. A ideia da operadora é de que, por meio da iniciativa "Campo Conectado", possa adicionar com 4G uma área de 15 milhões de hectares em 2021 – a empresa afirma já cobrir 85 milhões atualmente, totalizando assim 100 milhões de hectares no ano que vem.
Segundo o presidente da Claro, José Felix, a quantidade de hectares
adicionais em 2021 dependerá da demanda. "Estamos dispostos e achamos que
temos condições técnicas. O dinheiro está reservado", declara. O executivo
lembra que é necessário ter a viabilidade econômica para que a empresa instale
as antenas. "Cremos que somos capazes de implementar, para começar, 15
milhões de hectares ao longo de 2021. Tomara que isso aconteça."
O acordo divulgado nesta quarta-feira, 16, tem investimento total da
Claro, que se compromete a instalar torres e estações radiobase, além de
fornecer serviços de Internet das Coisas (IoT) e de um centro de gerenciamento
dedicado (NOC, na sigla em inglês) para o agronegócio. A operadora afirma que a
iniciativa está dentro do Capex planejado. Nos últimos três anos, a empresa
investiu R$ 25 bilhões, mas a previsão da controladora América Móvil é de redução do total do grupo para
este ano. Importante lembrar que a Claro desembolsará R$ 3,4 bilhões pela aquisição de parte da Oi
Móvel.
Como parte do acordo, a Claro lança dois produtos: Agricultura Digital e
Silos Conectados. Nestes dois, estação meteorológica com sensores capazes de
medir NDVI de uma planta, (Normalized Difference Vegetation Index – que
fornecem informações sobre a saúde da vegetação, evapotranspiração das
plantas). Também permitirá verificar o nível de fósforo ou boro no solo. A
gestão de máquinas e armazenamento de insumos também é parte da solução, que
terá transmissão de dados em tempo real pela rede móvel.
ESPECTRO
Por conta do alcance e do ecossistema, a Claro utilizará (pelo menos de
forma predominante) a faixa de 700 MHz para conectar as novas áreas. Felix
explica que a faixa de 450 MHz teoricamente seria melhor por permitir maior
alcance, mas que esbarra na falta de terminais. "Tem um problema seríssimo
que a gente tem discutido que é a não existência de
ecossistema robusto para o 450 MHz", diz. O executivo afirma que os
aparelhos que existem são muito caros, ao ponto de inviabilizar a aplicação.
"É uma injustiça, mas é o cenário mundial, não é só do Brasil."
Além da faixa de 700 MHz, a Claro também utilizará a tecnologia LTE Cat-M para maior propagação do sinal. O
padrão é indicado para conexão de sensores com menor consumo de dados e de
energia, podendo alcançar distância de até 100 km da antena.
Como também vai oferecer serviço móvel regular pela antena, a Claro
também pretende implantar a tecnologia 4,5G (LTE-Advanced Pro, com agregação de
portadoras) e prevê a possibilidade de colocar o 5G DSS, que faz uso compartilhado de frequências do LTE.
A Claro e a John Deere se aliaram a uma terceira empresa, a Sol, na qual
afirmam não ter participação no capital. Ela será responsável pela
operacionalização do sistema. "Quando for contratar o serviço, a empresa
Sol entra em contato e acerta os detalhes e a conexão", explica o
presidente da John Deere Brasil, Paulo Hermann. Ainda assim, os 270 pontos
de atendimento da rede de concessionários da fabricante será utilizada para a
venda. Os profissionais serão treinados para que, a partir do dia 15 de
janeiro, já possam conduzir o processo.
A variação da quantidade de hectares cobertos se dá também por conta da
demanda à qual José Felix se refere. Será preciso haver uma quantidade mínima
de hectare para assegurar a viabilidade da nova instalação, que naturalmente
será feita de acordo com as regras locais de licenciamento. O serviço terá
custo de uma assinatura de R$ 20 por hectare ao ano, além do plano normal por
SIMcard. As máquinas da John Deere produzidas desde 2015 já têm modem para
conectividade.
Será necessário fazer um estudo georreferenciado da propriedade para
avaliar se já há alguma cobertura, mas a expectativa de Hermann é de poder
atender até 70 mil hectares, a depender do relevo. "A Claro vai colocar a
torre e o investimento necessário. A única contrapartida que pedimos é o
comprometimento de utilização", explica o diretor de negócios de IoT da
Embratel/Claro, Eduardo Polidoro.
"Nossos concessionários vão ajudar a conectar. Cada antena precisa ser economicamente viável, tem um investimento por parte da Claro e tem que haver uso da torre. Evidentemente, os funcionários vão organizar e trazer de forma pró-ativa clientes na região para a gente viabilizar o máximo de ERBs possível", complementa Rodrigo Bonato, da John Deere.