O blog iniciou no dia 17 de março deste ano,
esta série especial, onde são publicados textos sobre a vida de poetas,
escritores, críticas de livros referentes à Buriti de Inácia Vaz, através do
escritor e poeta Francisco Carlos Machado, autor de sete livros já
publicados.
Na COLUNA UM OLHAR LITERÁRIO DE BURITI de
hoje (6/5) você vai conhecer um pouco da
vida do poeta mais velho atualmente vivendo na cidade. Veja abaixo.
O inverno caudaloso do ano de 1924 fez o rio Parnaíba avançar assustadoramente pelo povoado São Francisco, distante 6 km da cidade de Buriti. Zulmira Marques, diante das tribulações das inundações, dá à luz o sexto filho. O seu marido Gideão Ribeiro, católico fervoroso, batizou o menino de Abraão, em alusão ao patriarca bíblico. Em um ambiente religioso de orações a Deus, aos santos e leituras da Bíblia no cair da tarde, feitas por seu pai para a família e os vizinhos, Abraão Ribeiro cresceu.
Na
realidade de família rural, com pequenas posses, o menino passou a ajudar desde
cedo nas lavouras, na criação dos animais e na extração de frutos nativos do
cerrado. Não tendo professora em seu povoado e já com idade de alfabetização,
aos sete anos, Abraão caminhava 2 km até a casa da professora Tonica Guimarães,
que seus pais contrataram para lhe ensinar a ler, escrever e contar. Ele cursou
somente um ano de estudos particulares, conseguindo ser alfabetizado. Em 1933, um golpe terrível abateu Abraão e a
sua família. Seu pai, Gideão, morre de “serão”
depois de pegar um forte resfriado numa chuva. A família do falecido inicialmente
passou grandes dificuldades financeiras, conseguindo superá-las.
Em
1944 Abraão casa-se com Angélica Januário. O enlace foi celebrado pelo Padre
Alfredo Bacelar, na época pároco de Buriti e Coelho Neto. Após o casório
passaram morar no povoado Salamanca. Vieram os primeiros filhos e na busca de melhorias
para a família moraram em diversos povoados como Boa Hora, João Lobo, Sítio
Velho, Vargens, Pedras, onde sempre trabalhavam na lavoura e em pequenas
vendas. Em 1974 mudaram definitivamente para a cidade de Buriti.
Morando
na cidade de Buriti, Abraão que desde criança foi católico praticante, se
envolve mais ainda nas atividades e celebrações da Paróquia de Sant’Ana. Nesta década disseminando a Teologia da
Libertação pelo Brasil, ele com alguns buritienses tendo contato com essa
doutrina e com consentimento dos padres Júlio e José Costa, fundaram dezenas de
Comunidades Eclesiásticas de Base - CEBs, em povoados de Buriti.
É
neste momento da vida de Abraão Ribeiro, no consolidar do líder religioso/comunitário,
que surge o poeta, pois tendo que catequizar o povo, começou a escrever poemas
e cordéis, literatura que muito gostava, sendo leitor desde criança. Logo ele
passou a militar na política. Funda partidos, concorrendo a cargos de vereador
e vice-prefeito, contudo, nunca obteve êxito.
O que não o impediu de continuar trabalhando pelo povo buritiense, tanto
na política, como em movimentos sociais, onde fundou a Colônia de Caça e Pesca,
e alguns Conselhos Municipais. Neste ínterim, escrevia seus textos, poemas e
cordéis. Publicou o cordel “Minha Terra”, com 300 versos, descrevendo com muita
riqueza e simplicidade os ecossistemas de Buriti, sua flora e fauna, a vida
social, cultura e a religião de sua terra. Muitos de seus textos são homenagens
a pessoas e sobre datas comemorativas, numa poética cheia de lirismo e
romantismo. Ele começou a escrever sua autobiografia, deixando-a,
incompleta.
De idade
avançada recebeu uma comenda em 2010 de “Ilustre Cidadão Buritiense”, por
prestar relevante contribuição à arte, a cultura e a população de Buriti,
recente teve um dos seus poemas classificados no Festival de Poesia de Buriti
que muito tem contribuído para mostrar na comunidade e região os poetas da
cidade.
Sobre o Amor
Vou escrever sobre o amor
dando a minha opinião:
existe o amor verdadeiro
e outros de traição.
O amor é como dordonho.
Ele nasce nos olhos,
mas quem manda é o coração.
O amor verdadeiro origina-se de Deus.
Quando o amor é realista
a gente
não o compra
O amor a gente conquista.
Seja de que forma for
nunca se iluda com o amor
logo na primeira vista.
O amor real vem de Deus
O falso é uma farsa
O amor sincero é como uma rocha
O falso é como uma fumaça.
O amor que não é puro
só fica seguro
enquanto o vento passa.
O amor ilusório e corriqueiro
em todo lugar é capaz.
Em cidades e povoações
é onde se praticam mais
Ele é como a vela
que se parece tão bela
mas com o calor se desfaz.
Jovens se um dia o cupido
invadir seu coração
bote os joelhos em terra.
a Deus peça sua proteção
Pode não ser seu amado
é outro que vem de lado
com amor de traição.
Essa palavra atraente
conhecida por amor
é uma palavra abstrata
Ela queima com ardor
mas quando não é fiel
amarga mais do que fel
e perde
todo o sabor.
Agora
caro leitor
faça sua
meditação.
Se seu
amor é real
ou é só
uma ilusão.
Dobre os
joelhos com fé.
e peça o
Senhor Javé
pela sua
convenção.
SOBRE O AUTOR
SOBRE O AUTOR
Tags:
Coluna literária
Só fazendo uma retificação, meu avô morreu devido a um "sezão". E o nome dele é Gedeão Ribeiro da Silva e não "Gideão", e minha avó chamava se Zulmira Marques da Costa.
ResponderExcluirGostei da Homenagem feita ao tio Abraão. Ah...meu avô era cearense, veio de lá por conta da seca de 1907.