Os economistas alertam que, quando esta bomba de vários trilhões de
dólares plantada na economia mundial explodir, a crise será pior do que em
2008. Trata-se de um montante recorde três vezes superior ao PIB mundial, ou
seja, ao valor de todos os produtos e serviços do planeta.
Segundo o
relatório do Instituto de Finanças Internacionais, a dívida global aumentou em
3,3 trilhões de dólares (13 trilhões de reais) no ano passado, para 243
trilhões de dólares (955 trilhões de reais).
Nos países
desenvolvidos, o índice de endividamento, extremamente elevado, atingiu 390% do
PIB, enquanto que nos mercados emergentes o efeito foi ao contrário — o aumento
da dívida abrandou, atingindo seu nível mais baixo desde 2001.
Para
analistas, essa dívida incontrolável e gigantesca é o resultado da política
irresponsável dos bancos centrais ocidentais, que se tornaram viciados em
imprimir dinheiro e emitir empréstimos.
"Os
bancos centrais mundiais estão criando dívidas sem se preocuparem com o que lhes
irá acontecer no futuro", afirma o
analista de investimentos John Moldin.
No final do
ano passado, os economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontaram a
insustentável dívida global como a principal ameaça para a economia mundial.
O FMI afirmou
que os governos da maioria dos países falharam quase todas as reformas
necessárias para proteger o sistema bancário das ações arriscadas dos
financistas, que causaram uma poderosa reação em cadeia e o colapso de 2008.
De acordo
com a colunista da Sputnik Natalya Dembinskaya, a verdadeira máquina da dívida
são os EUA, cujo déficit quase triplicou desde 2000 e agora excede 73,6
trilhões de dólares, o que representa 106% do PIB.
A dívida das
empresas não financeiras nos EUA está próxima dos máximos registados antes da
crise de 2008. Outro recorde — 22 trilhões de dólares — foi quebrado pelos EUA
devido a sua preocupante dívida pública.
Em dois dois
anos, o governo contraiu quase 2 trilhões de dólares e, segundo a Bloomberg,
nos próximos dois anos esse montante será acrescido de mais 4,4 trilhões.
Os analistas
financeiros acreditam que, por mais que a administração Trump tente se livrar
do peso excessivo da dívida "até o final do segundo mandato
presidencial", caso ele seja reeleito, a tendência não será revertida, uma
vez que a situação orçamentária só piora.
O déficit
orçamentário federal dos EUA aumentou 17% no ano fiscal de 2018, alcançando 779
bilhões de dólares. A curto prazo, esta tendência se manterá devido à redução
das receitas fiscais e ao aumento dos gastos em defesa.
A previsão
do Departamento de Orçamento do Congresso é que o déficit deste ano seja de
15,1% — até US$ 897 bilhões e, em 2022, exceda a marca do trilhão.
Já os bancos
de investimento acreditam que a dívida pública norte-americana atingirá 140% do
PIB até 2024. O governo terá de pedir mais trilhões emprestados para apoiar a
bolha financeira e o crescimento econômico. Em resultado, o déficit estrutural
cria a chamada "path dependence" (inércia institucional que mantém o
país numa determinada trajetória) e a economia acabará por cair no abismo.
Especialistas
especulam que Washington tem pouco tempo para reverter a situação e o país
enfrentará uma crise em grande escala comparável à Grande Depressão dos anos
30.
Caso a economia global não seja capaz de digerir
essa enorme dívida, a crise subsequente levará à pobreza em massa, poderosa
instabilidade geopolítica, agitação e guerras, observam analistas da Bloomberg.