*Do BLOGUE DO ED WILSON
O dia 7 de agosto foi uma data fundamental para
entender o posicionamento da Globo em relação ao PT e ao governo Dilma Rousseff.
Nesta data, o editorial do jornal o Globo refutou a
tese do impeachment, corroborando o pensamento de FHC e Serra, a síntese do pensamento
tucano.
À noite, o Jornal Nacional deu ampla cobertura aos
atos de Dilma, em Roraima, durante uma solenidade para a entrega de casas
populares.
No cenário de crise, a família Marinho não aposta
no caos total, a ponto de prejudicar os seus empreendimentos no âmbito do
capitalismo. A economia precisa funcionar bem para assegurar os lucros das
elites, incluindo os negócios midiáticos.
Não interessa também à Globo que o país seja
totalmente entregue ao PMDB, que poderia gerar uma crise incontrolável. Também
não é recomendável que a bomba da economia caia no colo do PSDB, o preferido da
família Marinho.
DEIXA SANGRAR
Navegando na conjuntura, nesse momento a ordem é
alimentar o noticiário negativo da operação Lava-Jato e deixar o PT sangrando,
até o momento do bote final – a eleição de 2018.
O casamento entre a Globo e o PT, iniciado em 2003
com a posse de Lula e a entrevista no Jornal Nacional, vai chegar ao fim com
litígio.
Esse processo é fruto das opções feitas por Lula,
contrariando as questões programáticas do PT e a pauta dos movimentos sociais
que reivindicavam ações dos governos petistas visando democratizar a
Comunicação no Brasil.
Lula teve todas as chances de inibir o poder da
Globo, quando estava no auge da popularidade, tinha maioria no Congresso
Nacional, ampla base social e confiança da grande massa da população.
DORMINDO COM O INIMIGO
Nesse período, Lula poderia sim ter dado uma
guinada na política de distribuição das verbas publicitárias, esvaziando o
balão da Globo, mas não o fez. Preferiu manter 54% de todo o bolo publicitário
para entupir ainda mais os cofres da família Marinho, durante os anos de 2003
até 2012, apenas se considerarmos os dados divulgados pelo governo federal
nesse período.
Em síntese, Lula foi cúmplice e patrocinador do
monopólio da Globo, juntamente com o PT.
Na Argentina, Cristina Kirchner enfrentou o
monopólio do grupo Clarín (equivalente à Globo), flexibilizando a legislação
que favorecia o monopólio.
O que fez Lula diante disso? Preferiu manter os
privilégios da Globo e não moveu uma palha para quebrar o império midiático que
agora o petismo chama de "golpista".
Temos milhões de motivos para defender o governo
Dilma e a democracia, mas não podemos cegar e ignorar os erros da política de
comunicação do PT, que ficou em segundo plano diante do pragmatismo do seu
presidente de honra.