*Por Jornal
do Brasil
Se um deputado,
eleito pelo povo, é cassado ou é obrigado a renunciar se for revelada sua
íntima relação com doleiro acusado de uma série de crimes, como uma empresa
que foi escolhida num âmbito restrito - e não tem o aval de milhares de
votos de eleitores - não é banida da participação de licitações quando são
comprovadas suas práticas irregulares?
Seus diretores
deveriam estar presos, como está o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da
Petrobras, Paulo Roberto Costa. O corruptor é sempre mais criminoso que o
próprio corrupto.
Não é mais o caso
de saber quem é o primeiro, o pinto ou ovo. A galinha é a responsável. É
ela que choca a corrupção no país. A galinha é a corruptora. Este tipo
de corruptor deve ser banido, preso, execrado. Ele é que destrói a
moral e a dignidade do país. O corruptor macula a célula da
sociedade.
A situação é ainda
mais grave quando se leva em consideração o fato de que há uma parcela
gigantesca da população brasileira que são de jovens desempregados. São jovens
pobres, muito mais vulneráveis às tentações da corrupção. Jovens que veem esta
prática ser disseminada pelo país impunemente, e que acabam "seduzidos" pelo corruptor, em
busca de uma vida melhor.
Poderoso, o corruptor
sabe que não vai ser punido. Sabe que tem a proteção em todas as instâncias. E
esta proteção se chama dinheiro. A prova disso é que os corruptores são os
mesmos há 50 anos. Os corruptos sempre se renovam, mas os corruptores não
mudam nunca. É este o tipo de segmento do empresariado que o país não
pode mais ter.
Se essas
empreiteiras, como a Galvão Engenharia, a OAS, a Coesa Engenharia, a
Investminas Participações, o consórcio RNEST, a Jaraguá Equipamentos Indústria,
a Tipuana Participações, a Projetec Projetos e Tecnologia, a Rock Star
Marketing, a Arcoenge, o Consórcio Sehab, a Empreiteira Rigidez, a JSM
Engenharia e Terraplanagem, a Unipar Participações e a Phisical Comp. Imp. Exp.
estão mesma envolvidas com o doleiro Alberto Youssef, o Ministério Público tem
que ser implacável, como tem agido com correção em todas as frentes
de corrupção no Brasil. A Galvão Engenharia foi fundada em 1996 pelo
arquiteto Dario Galvão, após vender suas ações da Queiroz Galvão, empreiteira
da qual seu pai foi um dos fundadores.
HISTÓRICO
A Queiroz Galvão já
tem uma extensa lista de suspeitas de irregularidades. Em 2002, o
ex-diretor financeiro do Departamento de Infraestrutura de Transportes (DNIT),
Sérgio Pimentel, acusou o ministro Anderson Adauto de favorecer a Queiroz
Galvão na cronologia de pagamentos de dívidas de 2002 do governo com as
empresas.
Em 2007, o jornal Ceará Agora noticiou que a Queiroz Galvão estava
no centro das investigações da Polícia Federal na segunda fase da Operação
Navalha. A pernambucana Queiroz Galvão abocanhou junto com a construtora
Gautama uma obra no valor de que R$ 170 milhões, que nunca saiu do papel, no
convênio para implantação da BR- 402, firmado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes (DNIT) e a Secretaria de Infraestrutura do Maranhão. Segundo a
PF, a Queiroz Galvão teria se unido à Gautama para burlar a licitação.
Em 2010, o doleiro
Alberto Yousseff já aparecia sendo flagrado tratando de doações com o
diretor-geral de desenvolvimento comercial da Queiroz Galvão, Othon Zanoide de
Moraes Filho. Eles trataram de dados bancários e emissão de recibos das
contribuições eleitorais. As doações foram feitas ao PP. O presidente do
partido se disse surpreso com a revelação de que o doleiro teria intermediado
doações à legenda.
Ainda em
2010, veio à tona o superfaturamento em obras de 'consórcios paralelos' de empreiteiras. Segundo a Polícia Federal,
que fez o cruzamento dos inquéritos de quatro operações policiais - Castelo de Areia, Caixa Preta, Aquarela e Faktor, ex-Boi Barrica -, as empresas
inflavam os valores das obras, e tinham um esquema de reparte de contratos que
funcionava à margem dos processos públicos de licitação. Nem sempre o grupo de
empreiteiras que vencia a concorrência era o mesmo que executava a obra ou que
recebia o pagamento. Apesar de as empresas negarem a manipulação dos resultados
nas licitações, elas caíram novamente na malha fina da Polícia Federal, entre
elas Andrade Gutierrez, Camargo Correa, Norberto Odebrecht, OAS e Queiroz
Galvão, responsáveis por obras importantes como os Metrôs do Rio de Janeiro,
Salvador, Fortaleza, Distrito Federal, São Paulo e Porto Alegre. A PF disse ter
achado indícios contábeis de que as construtoras Queiroz Galvão e Carioca
participavam, por fora, da execução do lote 1 da linha 3 do Metrô do Rio de
Janeiro - licitação vencida originalmente pela associação entre Andrade
Gutierrez, OAS, CBPO (hoje Odebrecht) e Camargo Corrêa.
Em
2011, investigações sugeriam que o ex-senador do democratas Demóstenes
Torres havia participado de um esquema de oferecimento de propina ao prefeito
de Anápolis. Torres teria coordenado, em julho de 2011, uma reunião entre o
ex-diretor da Construtora Delta, Cláudio Abreu, e o empresário Carlinhos
Cachoeira. A dupla teria oferecido dinheiro ao prefeito para que eles fossem
beneficiados por meio de um contrato com a construtora Queiroz Galvão.
Em
2013, investigações deram conta de que empresas concorrentes aos lotes da
Linha 5 – Lilás, entre elas a Queiroz Galvão, teriam acertado entre elas os
lotes mais vantajosos para cada uma. Conforme verificado no exame dos envelopes
pelo Ministério Público, os consórcios apresentaram uma proposta dentro do
orçamento apresentado pelo Metrô e outras acima. Isso seria muito arriscado do
ponto de vista da concorrência, a não ser, como foi denunciado, que já se
soubesse quem iria vencer. Foi percebido, ainda, que propostas vencedoras
estavam, em média, 1% abaixo do valor definido pelo Metrô (...) Os prejuízos ao
erário citados no processo seriam, ao menos, os decorrentes do processo de
licitação, no valor de aproximadamente R$ 327 milhões de reais. Mas é possível
que se exija a devolução de um valor muito maior, pois as obras não foram
paralisadas e estão estimadas em R$ 4 bilhões.
Ainda em 2013,
foi aberta investigação sobre cartel na licitação da obra de recuperação
das lagoas da Barra e Jacarepaguá. O governou chegou a revogar a licitação das
lagoas para que pudessem avaliar o caso, mas nem o Cade nem o MP chegaram
a uma conclusão. Mesmo com o caso em aberto, o governo do Rio suspendeu a
revogação e assinou o contrato com o consórcio Complexo Lagunar, composto pelas
construtoras Queiroz Galvão, OAS e Andrade Gutierrez.
Em março deste
ano, operários das obras de transposição do Rio São Francisco no Ceará,
realizadas pela Queiroz Galvão, paralisaram as atividades alegando não
receberem salário desde dezembro e denunciando, ainda, as condições de trabalho
oferecidas pela empresa.