O blog iniciou no dia de 17 de março deste ano,
esta série especial, onde são publicados textos sobre a vida de poetas,
escritores, críticas de livros referentes à Buriti de Inácia Vaz, através do
escritor e poeta Francisco Carlos Machado, autor de sete livros já
publicados.
Na COLUNA UM OLHAR LITERÁRIO DE BURITI de
hoje, 7 de abril, você vai conhecer o poeta, professor e intelectual José
Borges, pai do redator deste CORREIO. Veja abaixo.
JOSÉ BORGES - POETA, INTELECTUAL E PROFESSOR
*Por Francisco Carlos Machado
Nasceu
o poeta José Borges em Teresina, capital do Piauí, em 6 de Janeiro de 1950. Quando
criança seus pais, a mãe cearense e pai piauiense, se mudaram para o município
de União, 60 km da capital, morando no povoado Sítio. O menino Borges cresceu num
ambiente rural: com criação de bichos, produção de frutas e verduras, e trabalho
em roças. Ele, para se manter, sempre trabalhou duro. Adolescente, estudando para
técnico agrícola em Teresina, foi comerciário na Firma Expedito Leite Chaves;
depois cobrador e fiscal de ônibus. Posteriormente, foi apontador e auxiliar de
contador numa empresa de São Paulo, que tinha filiação em Teresina. Seu último
emprego na capital foi de recenseador por um mês no IBGE, quando passou a morar
em Coelho Neto na casa de uma irmã, no final de 1970, onde trabalhou cinco
meses no Grupo Bacelar. De Julho de 1971, no governo de Uiran Souza, foi
secretário adjunto na Prefeitura. Em Coelho Neto conhece a primeira mulher, a
buritiense Maria das Graças, casando-se em 1974. Do consórcio, nasceram seus
seis primeiros filhos.
Em
1975 eles vieram morar em Buriti. José Borges trabalhou como operador da Telma
e escrivão da Polícia da cidade, chegando ser também delegado substituto. Os
vereadores gostando dos serviços que ele prestou à comunidade, lhe outorgaram
em Setembro de 1979, em uma sessão da Câmara Municipal o título de Cidadão
Buritiense. Em 1983, passa residir em
Santa Quitéria, onde trabalhou no INCRA. Nesta cidade foi Secretário na
Prefeitura Municipal e professor de diversas disciplinas na Escola Cônego
Nestor Cunha. Ele com a família retornam para Buriti. O casamento, porém, com
Maria das Graças se desfez no fim de 1990.
Em
Buriti, o seu círculo de amizades era formado de membros das diversas camadas
sociais. Cultivou grande amizade com o poeta Lili Lago (39 anos mais velho), se
tornando companheiros de trabalhos e boemia. Nos botecos e cabarés de Buriti,
viviam declamando seus poemas, cantando os dilemas da vida, a terra nativa e as
mulheres.
Organizou
“Lágrimas de Um Poeta”, coletânea poética com 56 poemas. Na obra, José Borges
com uma temática que enfatiza o romantismo, as dores e conflitos do amor pela
mulher, os seus dissabores e sofrimentos, transformados em dissabores pessoais
e lágrimas doloridas. Borges se dedicou também ao teatro, produzindo algumas
peças. Escreveu o cordel “O Sonho de Pelé”, e um estudo sobre a história, a geografia
e as personalidades de Buriti, sendo um dos pioneiros em estudar os diversos
aspectos do município. Foram também famosos os seus panfletos satíricos e
políticos, que circulavam nas ruas da cidade em forma de folhetins.
Em
vida não realizou o sonho de ver sua obra “Lágrimas de Um Poeta” publicada,
algo que lamentava, assim como outros diversos projetos literários. Em 15 de
Outubro de 1997, dia do Educador, por volta das 2h da madrugada, o coração de
Zé Borges, intelectual, professor e poeta, acima de tudo, sentiu fortes
contrações. Levado às pressas para o hospital Smith Braz, não resistiu,
desvanecendo quando o dia clareava. A cidade de Buriti, enlutada, sentiu muito
a perda dele, que com sua inteligência multifacetada havia prestado diversos
serviços à comunidade em áreas da agronomia
ao magistério, do direito ao ativismo esportivo e comunitário; da literatura ao
jornalismo.
Seu
filho primogênito, Alan Borges, que guardou os manuscritos do pai, testemunha
que o poeta Zé Borges “foi um cidadão
servidor. Viveu para a educação dos filhos e em servir as comunidades onde
estava inserido: Coelho Neto, Buriti e Santa Quitéria. Ele defendia, como
advogado, pessoas humildes, que não podiam pagar honorários. E profissional da
EMATER-MA, conseguiu muitos projetos como açudes. Ele servia com humildade e
dedicação”.
Lágrimas de um poeta
Com dedicação e carinho,
orgulho-me de ser poeta:
necessidade de quem tem amor.
Pois sorris: escrever e amar é profético.
Profetizar nas horas de dor,
lembrando com tristeza e alegria.
Abatendo os inimigos do amor,
dando sorrisos e poesia.
Poeta, a pura existência da dor.
Abastado é o poeta que ama de verdade.
Orgulho que banha com prantos, o seu amor.
na busca da felicidade.
Chamo o teu nome, de coração.
Pois, da existência divina, tu és herança.
Alvo da minha existência e razão.
Grito teu nome bem alto e com esperança.
Olho para o céu, vejo estrelas,
lembro os momentos de amor.
Irrigo os meus olhos com lágrimas.
Visto está longe, sinto dor.
Conforto-me escrever sem agonia.
Irrigando com lágrimas, por ser sofredor.
Repito, dedico-lhe esta poesia.
Adeus, até breve - meu amor.
Separação
Fatal
Ai, que saudades,
eu tenho do meu amor.
Dos meigos olhares e dos doces beijos.
Ai, que saudades. Sinto dor.
Tuas faces são tão lindas, e a ausência
do teu calor, faz dor no coração.
Tudo isto, somente por culpa
desta fatal separação.
Mas, um dia, eu terei novamente o teu calor,
pois, o meu coração não mente.
Ele palpita, mesmo com dor.
Meu pobre coração,
tudo isto, por culpa desta separação fatal.