O ano era 1964 e eu já era um estudante Etecelitano da Escola Técnica Federal do Maranhão cursando a segunda série do Curso Industrial Básico onde já encontrei o meu irmão Wilson, os amigos dele Adelman Carvalho, Acir Carvalho, Alvaci Marques e Ribamar Gonçalves, todos buritienses de quem eu também me tornei amigo, eles eram os veteranos. Adelman era um grandalhão de porte Atlético e foi o meu defensor contra a Turma perseguidora da Calourada. Quando eu ia subir para o andar superior da Escola e essa turma formava fila para o show de calouro, ele me acompanhava e avisava aos meus algozes: quem for mais forte do que eu, pode tocar neste Calouro e quem for mais fraco, não toque nele, é meu conterrâneo! Ninguém me tocava, eu estava a salvo e assim livre para sempre. Saudade meu falecido amigo Adelmam!
Mês das férias chegou e em Buriti eu aos dezesseis anos, conheci mais de perto uma menina moça Bonita, carinhosamente chamada de MANGAÇA e nos tornamos amigos. Sempre que tínhamos tempo, e na verdade, tínhamos todo o tempo do mundo, eu ia para a casa dela próxima da Praça Matriz buritiense e mantínhamos uma conversa amena, sobre trivialidades em geral. Assuntos da cidade, ambos gostávamos de festas e sofríamos, pois na época a sociedade buritiense dividia as festas sociais em Primeira e Segunda, isto é, Ricos e Pobres. Eu e Graça, cujo nome verdadeiro é Maria José das Graças Lima Lopes - em face de uma promessa de seus pais, pois tiveram uma filha de nome Maria José, que faleceu ainda bebezinha, embora não fôssemos ricos, frequentávamos as festas da Primeira, mesmo discordando daquela discriminação, afinal tínhamos colegas e amigos na bendita segunda.
As nossas conversas versavam sobre a vida da cidade em geral, menos assuntos de namoros, éramos mesmo já na adolescência, como se Crianças que não se interessavam pelo tema Namoro. A cada dia crescia a nossa amizade e que hoje eu poria todas as cores nela, de tão bonita que era, mas nunca tive conhecimento de namorado ou pelo menos um flerte da minha amiga Graça e até hoje, ainda somos amigos. Mantemos duas páginas sociais de contato, Facebook e WHATSAPP, inclusive tenho a honra e orgulho de tê-la como leitora da minha Coluna e mantemos uma discussão sadia e equilibrada sobre assuntos da vida nacional e local, cujos entendimentos são uniformes na sua maioria.
Nesta semana, quando estávamos conversando sobre a nossa Buriti querida, como num relâmpago em meio à chuva de inverno, surgiu o enredo vida conjugal e Graça me disse: História não se reescreve. Passou. Muitas oportunidades passaram.
Assim. Kkkk.
Não percebi mágoa, entretanto, sem ser psicanalista, senti que em algum instante da sua vida ela deixou escapar um sonho escondido. Ela falou de um Menino CALADO, comparando-o com os seus irmãos e amigos e eu fiquei imaginando, que talvez esse Menino, hoje um Ancião, também esteja dizendo para si mesmo: eu deveria ter sido um pouquinho audacioso, falado um pouquinho mais e agora estaria escrevendo a nossa História.
A você, estimada amiga GRAÇA BONA, ESTRELA DE UM MENINO COMEDIDO, eu dedico este texto!
SOBRE O AUTOR
É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti
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SEXTA DE NARRATIVAS
Sempre dedico um tempinho para ler suas crônicas. Parabéns!
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