Coluna SEXTA DE NARRATIVAS - PEDONTÕI AFILOTANDO NA FESTA DOS CARROLA

PEDRO ANTONIO SEVERINO, morador do Povoado Cocal, próximo do Povoado Bacaba, no Município de Buriti, era prestador de serviços de lavoura para o meu Pai e freguês do FIADO da sua Quitanda em Laranjeiras. Eu, criança que já sabia ler e escrever, quando estava de férias, era o Anotador insatisfeito das compras no CADERNÃO, por ter certeza de que nunca teria o prazer de presenciar o pagamento daqueles fiados, dele e de outros fregueses, e não eram poucos. Quando eu reclamava para meu Pai, ele me repreendia rindo, afirmando que deixasse com ele aqueles assuntos, que não eram preocupação de menino.

Seu PEDONTÕI, como era conhecido por todos da região, era engraçado e muito brincalhão, mas muito observador e sempre me elogiava dizendo que achava BUNITO ver um MÍNIMO sabê lê i iscrevê de carreirinha como eu fazia. Todos gostavam dele, por ser trabalhador e muito simpático e cheio de histórias alegres e divertidas.

Num desses finais de Semana de folga longa, com feriado na sexta - feira eu estava na minha CASA em minha Amada Laranjeiras e ele chegou eufórico contando para meu Pai e outros amigos que se encontravam no nosso Terreiro, a história de uma FEXTONA na Casa dos CARROLA, uma família do Povoado Bacaba.

Começou contando desde a saída da sua casa, nos termos seguintes: Eu Cá mín-a fía e a Cumádi Chica Cá dela, Tumêmu Café Cumbôlu i  FUMU Pá fexta dus CARROLA. Condi Cheguemo Lá, Já Incrontemu Cumpádi Ramundu Chicu Qui Impestáva i num Fédeu di NÓIZ. FUMU INU I FIMU ENTRANU i Caímu na gandáia. Chamêi logo um-a cabróxa pá Dansámarreu i ela dixe qui só Dansáva Afilotannu. Êu  Arespondí: min-a fíaaaa,  êu dánum cun-êçu está dansa, marnoíz AFILOTA É JÁ.

A moça apressada retrucou dizendo para PEDTONTÕI, né isso não, seu moço, a Filó é minha irmã e se ela não vier, eu não danço.
Nesse instante o riso no terreiro da minha casa foi geral.

E não parou por aí a história de PEDRONTÕI, ele prosseguiu, marrêu num mi fiz di bexta näú, peguêí no brássu  di ôta i ela Rêei mansín- a. Côni tô no miór, eicutêi a vóiz di cumpádi Zezim aguniádu dizênu: Mêú TICARRAROLA, RÃMU ENTRÁ SIÔU, TÔDU MÚNDU DÊNTU I MÊÚ TICAROLA FORAAAA!!!

Novamente todos nós que estávamos o ouvindo recomeçamos a gargalhada sem parar e Papai mandou-me buscar um litro de QUINADO, um vinho muito bebido em festa pelos grogueiros do interior naquela época.

  Meu Saudoso PEDONTÕI, senhor PEDRO ANTONIO SEVERINO.
Apesar de não ter presenciado o pagamento do seu débito naquele CADERNÃO, por tantas alegrias que VOCÊ nos deu e por ter sido trabalhador e amigo do meu Pai e de toda a nossa Gente, eu o distingo com o TÍTULO de O MELHOR CONTADOR DE CAUSOS DE BURITI.

 SOBRE O AUTOR

É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti.