Nos idos dos anos 50, eu já contava com seis primaveras no meu CAMINHAR terreno, a Praça Felinto Faria também conhecida pelo nome de Praça da Matriz, todo o centro da minha Buriti querida era iluminada à noite, pelo Motor a Diesel, ou Motor de Luz, como habitualmente se chamava a nossa Central de Energia Elétrica de então, um avanço tecnológico e uma Maravilha para todos nós habitantes deste Torrão pátrio.
O
Seu César era o Chefe daquele órgão público, isto é, do MOTOR DE LUZ, com as
funções de Administrador, de Técnico que manuseava a máquina, ligava e
desligava a rede elétrica nas ruas e nas residências, e atendia aos pedidos de
socorro com um talo verde de palmeira de babaçu no ombro, uma ferramenta
especial que funcionava como isolante de choque elétrico, quando ocorria algum
defeito na iluminação.
Às
seis e trinta da noite toda a população aguardava o milagre da iluminação
elétrica e soprava os bicos das suas lamparinas, apagando-as e desligava os
Faróis ou Petromax, para viver o luxo do progresso. Nós os garotos, garotas e jovens
nos deleitávamos na Praça mais LINDA, da cidade, na verdade, a única.
Ricos
e Pobres se juntavam no Cine Teatro Municipal nos espetáculos em geral, já
mencionados e quando as apresentações de qualquer evento eram promoções das
Escolas da época, Grupo Escolar Antônia Faria, Escola Paroquial e Escolas
Reunidas Municipais, momento em que nós os jovens e crianças sentíamos que
éramos todos iguais, em raça, cores e
costumes. Éramos felizes e isto bastava.
A
Alegria comum e perene também, naquele tempo, era termos a energia elétrica e a
Praça onde vivíamos em harmonia como uma família comum, num único espaço para
todos, e não deveríamos desperdiçar nem
um minuto das nossa noites, pois o Seu
César, ligava a energia as seis e meia da noite, mas às nove horas dava uma piscada na corrente
elétrica avisando que já estava chegando a Hora da escuridão e era necessário
ficarmos atentos, pois quando o relógio dele marcasse nove e quinze era a
piscada do aviso final e todos já sabiam
que às nove e meia era o até
amanhã. Ou nos recolheríamos na claridade ou na escuridão, a opção era
nossa. Que Tempo gostoso!
Ali
era a Casa onde moramos, eu meu irmão Wilson, a minha irmã Erinda, e mais
alguns primos, primas e parentes, dezoito pessoas ao todo, sob a proteção dos nossos
Avós, Ângelo Pio Passos e Constância Furtado Passos, cuja área de terras media
desde os limites do terreno da igreja de Sant' Ana com o do CINE TEATRO de
tantas GLÓRIAS.
Vivemos
muitas Venturas e Aventuras na Vivenda e na sua área de localização, com
árvores frutíferas de variadas espécies e sabores inesquecivelmente marcantes
nas nossas VIDAS e gravadas nas nossas memórias.
Dentre
tantas lembranças que nos acompanham, um acontecimento que marcou-me
indelevelmente em caráter particular: após os falecimentos dos meus avós, a
Casa foi cedida por minha tia Geninha, a proprietária do imóvel, ao amigo
Antonio Ferreira Campos, o Tabelião do Segundo Ofício de Buriti, que com a sua
esposa dona Joana Ferreira, montaram um Hotel, que durou cinco anos. Eu morei
com eles durante dois anos. Com a saída deles, ocupou a Casa o casal Vitorino
Veras e dona Euzebinha, também amigos da minha tia.
Ainda
enquanto esse casal ocupava a Casa, o prefeito da época resolveu a seu talante
e ilegalmente, invadir a propriedade em comento, mesmo conhecendo os
proprietários do imóvel, que eram compadres dos pais do Invasor despudorado.
Ele
executou a ação por meio de seus apaziguados.
Eu
já era um jovem advogado e ao tomar conhecimento do ato ilegal do malfadado
alcaide, viajei imediatamente de São Luís para Buriti, com o meu irmão Wilson e
ingressei imediatamente com a ação judicial adequada contra o Invasor, cujo
processo foi recebido pelo Tabelião Valdemar Gonçalves do Primeiro Ofício da
Comarca de Buriti, atuando como Oficial de Justiça o Senhor Delim.
Ao
saber da nossa presença na cidade e da tramitação do processo em seu desfavor,
o prefeito esbulhador desapareceu da cidade, porque não tinha argumentos para
justificar a sua atitude. A Ação foi julgada procedente com o Município
condenado e posteriormente obrigado a proceder, após acordo, a desapropriação,
na forma da LEI.
Visitei
o PAÇO MUNICIPAL da nossa Terra várias vezes, inclusive recentemente e
constatei a falta de cuidados com ele, que nunca recebeu o tratamento digno da
sede do Poder Executivo do Município, assim como o Prédio antigo que hoje é só
uma RUÍNA. Minha irmã Erinda visitou este Sodalício há dez anos e fez o
registro do momento de saudade da nossa Casa, da nossa Terra e da nossa
Infância através da foto que se vê no final junta à foto do CINE TEATRO
MUNICIPAL, também em processo de destruição diária, todos clamando por
cuidados, uma responsabilidade/obrigação de todos os Gestores públicos.
Assim
caminha a Administração Pública do nosso Município, deixando esvair-se como
mera fumaça a História da nossa Terra, a nossa História.
Eu
não fico inerte, faço o que posso, luto por ela e grito com as armas que tenho,
mesmo chorando como neste ACRÓSTICO.
ACRÓSTICO
PRA MINHA AMADA
Bela
e encantadora,
Uma
rainha ardorosa,
Rica
de maternal Amor,
Imponente,
imperas no
Templo
da bondade
Intrépida
e altaneira
Brilhas
meu Torrão como
Uma
torrente caudalosa,
Riachos
do Morro e Tubi,
Irmanados
com lagoas,
Tabocas,
bacuris, pequis,
Inebriando
as juritis.
Berço
de gente Linda,
Ufanista,
sonhadora,
Revoltada
e ferida por
Infames
e
Transgressores,
Interessados
no tesouro,
Brotado
do teu Paço,
Uma
afronta inominável,
Roubando
a nossa gente,
Inescrupulosamente,
Tresloucados
filhos teus
Insensatos
e desumanos
Bravamente
resistes,
Unindo-
nos no teu colo,
Rogando
a
Intercessão
de Jesus,
Tentando
salvar o teu
Imensurável
coração.
À
Buriti de Inácia Vaz, a singeleza desta homenagem, com o meu eterno Amor!
SOBRE O AUTOR
É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti.
Grande Djalma. Imenso Djalma. Djamos Passos Buriti. Parabéns, amigão. Djalmaço, aço, aço, como narrava Jorge Cury um gol do Zico, acrescentava o aço: Zicão, Zicaço. Djalmão, Djalmaço.
ResponderExcluirQue lindo mano Djalma!Obrigada pela lembrança maravilhosa!Nossa terra!Nosso torrão,quanta saudade dos tempos de criança,vividos na casa dos nossos avós e as brincadeiras na pracinha em frente!
ResponderExcluirObrigada mano querido!bjss
ResponderExcluirNarração do golaço do Djlama, a la Jorge Cury: Lá vai Djalma, mata no peito e com categoria singular traz para os dias atuais o Buriti dos anos 1950, dribla e dá um chapéu nos comentaristas invejosos, e chuta no ângulo, fazendo um gol com uma narrativa que é uma verdadeira pintura. Djlamããããããooooooo, Djama-açoaçoaçoaçoaçoaço. A torcida buritiense e do Flamengo em pé o aplaude.
ResponderExcluirPrezado Djalma,Sou o Ribamar fiho do Valdemar Gonçalves e Maria Teles Gonçalves.
ResponderExcluirConheço toda tua família, todavia, sempre fui mais ligado ao Wilson, (nos deixou precocemente),meu amigo e colega na Escola Técnica Federal, princípio dos anos 60.
Tive a oportunidade de receber o meu amigo Wilson, aqui em Fortaleza, quando ele era Delegado em Pindaré Mirim.
Djalma te parabenizo pela atenção que dedicas a nossa Terra.
Salve a LARANJEIRAS! (dos Passos)