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Coluna SEXTA DE NARRATIVAS - A CENTRAL ELÉTRICA, O CINE TEATRO E O PAÇO MUNICIPAL

Nos idos dos anos 50, eu já contava com seis primaveras no meu CAMINHAR terreno, a Praça Felinto Faria também conhecida pelo nome de Praça da Matriz, todo o centro da minha Buriti querida era iluminada à noite, pelo Motor a Diesel, ou Motor de Luz, como habitualmente se chamava a nossa Central de Energia Elétrica de então, um avanço tecnológico e uma Maravilha para todos nós habitantes deste Torrão pátrio.

O Seu César era o Chefe daquele órgão público, isto é, do MOTOR DE LUZ, com as funções de Administrador, de Técnico que manuseava a máquina, ligava e desligava a rede elétrica nas ruas e nas residências, e atendia aos pedidos de socorro com um talo verde de palmeira de babaçu no ombro, uma ferramenta especial que funcionava como isolante de choque elétrico, quando ocorria algum defeito na iluminação.

Às seis e trinta da noite toda a população aguardava o milagre da iluminação elétrica e soprava os bicos das suas lamparinas, apagando-as e desligava os Faróis ou Petromax, para viver o luxo do progresso. Nós os garotos, garotas e jovens nos deleitávamos na Praça mais LINDA, da cidade, na verdade, a única.

 Chegava a iluminação noturna e tínhamos que aproveitar para brincar, namorar, ir para a missa, ou para ver algum espetáculo ou recitais no Cine Teatro Municipal, a Casa das realizações das pecas teatrais, palhaçadas e espetáculos diversos para todos, das festas dançantes da primeira, ou dos ricos, como se dizia na época. Os pobres pertenciam à segunda, cujas festas eram realizadas no prédio da Prefeitura, na Rua Coronel Lago, que abrigava nos fundos, o Motor de Luz.

Ricos e Pobres se juntavam no Cine Teatro Municipal nos espetáculos em geral, já mencionados e quando as apresentações de qualquer evento eram promoções das Escolas da época, Grupo Escolar Antônia Faria, Escola Paroquial e Escolas Reunidas Municipais, momento em que nós os jovens e crianças sentíamos que éramos todos iguais, em raça,  cores e costumes. Éramos felizes e isto bastava.

A Alegria comum e perene também, naquele tempo, era termos a energia elétrica e a Praça onde vivíamos em harmonia como uma família comum, num único espaço para todos, e não deveríamos  desperdiçar nem um minuto  das nossa noites, pois o Seu César, ligava a energia as seis e meia da noite, mas às  nove horas dava uma piscada na corrente elétrica avisando que já estava chegando a Hora da escuridão e era necessário ficarmos atentos, pois quando o relógio dele marcasse nove e quinze era a piscada do aviso final e todos já sabiam  que às nove e meia era o até  amanhã. Ou nos recolheríamos na claridade ou na escuridão, a opção era nossa. Que Tempo gostoso!

 O PAÇO MUNICIPAL de Buriti nasceu como já escrevi em outra edição desta Coluna, na Rua Coronel Lago, hoje uma RUÍNA, o atual está situado na Praça Felinto Faria, com o nome de um ex-prefeito. Eu e a minha família temos uma ligação muito forte com este prédio.

Ali era a Casa onde moramos, eu meu irmão Wilson, a minha irmã Erinda, e mais alguns primos, primas e parentes, dezoito pessoas ao todo, sob a proteção dos nossos Avós, Ângelo Pio Passos e Constância Furtado Passos, cuja área de terras media desde os limites do terreno da igreja de Sant' Ana com o do CINE TEATRO de tantas GLÓRIAS.

Vivemos muitas Venturas e Aventuras na Vivenda e na sua área de localização, com árvores frutíferas de variadas espécies e sabores inesquecivelmente marcantes nas nossas VIDAS e gravadas nas nossas memórias.

Dentre tantas lembranças que nos acompanham, um acontecimento que marcou-me indelevelmente em caráter particular: após os falecimentos dos meus avós, a Casa foi cedida por minha tia Geninha, a proprietária do imóvel, ao amigo Antonio Ferreira Campos, o Tabelião do Segundo Ofício de Buriti, que com a sua esposa dona Joana Ferreira, montaram um Hotel, que durou cinco anos. Eu morei com eles durante dois anos. Com a saída deles, ocupou a Casa o casal Vitorino Veras e dona Euzebinha, também amigos da minha tia.

Ainda enquanto esse casal ocupava a Casa, o prefeito da época resolveu a seu talante e ilegalmente, invadir a propriedade em comento, mesmo conhecendo os proprietários do imóvel, que eram compadres dos pais do Invasor despudorado.

Ele executou a ação por meio de seus apaziguados.

Eu já era um jovem advogado e ao tomar conhecimento do ato ilegal do malfadado alcaide, viajei imediatamente de São Luís para Buriti, com o meu irmão Wilson e ingressei imediatamente com a ação judicial adequada contra o Invasor, cujo processo foi recebido pelo Tabelião Valdemar Gonçalves do Primeiro Ofício da Comarca de Buriti, atuando como Oficial de Justiça o Senhor Delim.

Ao saber da nossa presença na cidade e da tramitação do processo em seu desfavor, o prefeito esbulhador desapareceu da cidade, porque não tinha argumentos para justificar a sua atitude. A Ação foi julgada procedente com o Município condenado e posteriormente obrigado a proceder, após acordo, a desapropriação, na forma da LEI.

Visitei o PAÇO MUNICIPAL da nossa Terra várias vezes, inclusive recentemente e constatei a falta de cuidados com ele, que nunca recebeu o tratamento digno da sede do Poder Executivo do Município, assim como o Prédio antigo que hoje é só uma RUÍNA. Minha irmã Erinda visitou este Sodalício há dez anos e fez o registro do momento de saudade da nossa Casa, da nossa Terra e da nossa Infância através da foto que se vê no final junta à foto do CINE TEATRO MUNICIPAL, também em processo de destruição diária, todos clamando por cuidados, uma responsabilidade/obrigação de todos os Gestores públicos.

Assim caminha a Administração Pública do nosso Município, deixando esvair-se como mera fumaça a História da nossa Terra, a nossa História.

Eu não fico inerte, faço o que posso, luto por ela e grito com as armas que tenho, mesmo chorando como neste ACRÓSTICO.

 

ACRÓSTICO PRA MINHA AMADA

 

Bela e encantadora,

Uma rainha ardorosa,

Rica de maternal Amor,

Imponente, imperas no

Templo da bondade

Intrépida e altaneira

 

Brilhas meu Torrão como

Uma torrente caudalosa,

Riachos do Morro e Tubi,

Irmanados com lagoas,

Tabocas, bacuris, pequis,

Inebriando as juritis.

 

Berço de gente Linda,

Ufanista, sonhadora,

Revoltada e ferida por

Infames e

Transgressores,

Interessados no tesouro,

 

Brotado do teu Paço,

Uma afronta inominável,

Roubando a nossa gente,

Inescrupulosamente,

Tresloucados filhos teus

Insensatos e desumanos

 

Bravamente resistes,

Unindo- nos no teu colo,

Rogando a

Intercessão de Jesus,

Tentando salvar o teu

Imensurável coração.

 

À Buriti de Inácia Vaz, a singeleza desta homenagem, com o meu eterno Amor!


SOBRE O AUTOR

É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti.

5 Comentários

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  1. Grande Djalma. Imenso Djalma. Djamos Passos Buriti. Parabéns, amigão. Djalmaço, aço, aço, como narrava Jorge Cury um gol do Zico, acrescentava o aço: Zicão, Zicaço. Djalmão, Djalmaço.

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  2. Que lindo mano Djalma!Obrigada pela lembrança maravilhosa!Nossa terra!Nosso torrão,quanta saudade dos tempos de criança,vividos na casa dos nossos avós e as brincadeiras na pracinha em frente!

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  3. Narração do golaço do Djlama, a la Jorge Cury: Lá vai Djalma, mata no peito e com categoria singular traz para os dias atuais o Buriti dos anos 1950, dribla e dá um chapéu nos comentaristas invejosos, e chuta no ângulo, fazendo um gol com uma narrativa que é uma verdadeira pintura. Djlamããããããooooooo, Djama-açoaçoaçoaçoaçoaço. A torcida buritiense e do Flamengo em pé o aplaude.

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  4. Prezado Djalma,Sou o Ribamar fiho do Valdemar Gonçalves e Maria Teles Gonçalves.
    Conheço toda tua família, todavia, sempre fui mais ligado ao Wilson, (nos deixou precocemente),meu amigo e colega na Escola Técnica Federal, princípio dos anos 60.
    Tive a oportunidade de receber o meu amigo Wilson, aqui em Fortaleza, quando ele era Delegado em Pindaré Mirim.

    Djalma te parabenizo pela atenção que dedicas a nossa Terra.

    Salve a LARANJEIRAS! (dos Passos)

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