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Coluna um Olhar Literário de Buriti: OLHO

 Olho
*Por Matheus Cardoso

O recém-nascido chora ao entrar no palco desse teatro-vida
E inquieta-se ao abrir das pálpebras-cortinas:
E parece ser esse não entender que dá na vista
Que manterá até a morte esse brilho teatral na retina;

Entre tantas imagens caóticas
Que têm com o erro relação de insistência,
É motivo e alvo da ilusão de ótica,
O menino bobo que tanto crê na aparência;

E quando ele esbarra forte no de alguém desconhecido
E a arte se faz sem precisar de artista.
Desses momentos em que a própria poesia se ilude:
"Foi amor à primeira vista";

A humanidade dá importância máxima pra visão
E essa escuridão vai de norte a sul
- Talvez não seja à toa que o centro do ânus
Seja chamado de "olho do cu"

Ponto em que todo maconheiro se assemelha
- Tela de pintura da erva que só usa tinta vermelha;

E coroa de rei em terra de cego,
Solidão visual ganhando título nobre.
E quem é que tem tanto ego
Pra achar-se da nobreza sob esse manto de ignorância que nos cobre?

Há que admitir-se a sensação de estarmos sempre sem norte.
Fecha-se o olho do defunto como esse movimento fosse a sua sorte
Ninguém pode ter errado tanto que mereça continuar
Vendo isso tudo mesmo depois da morte;

Objeto de estudo da semiótica da alma
- Ser a janela pela qual ela se mostra
É nele que o estudioso observa toda palavra que a boca não fala,
Que até no plano espiritual é de expressão que a gente gosta;

E porque é preciso ter por onde transbordar
O que não cabe nesse coração-criatura,
Ele é válvula de escape
De tudo aquilo que o peito não segura.


SOBRE O AUTOR:


Matheus Cardoso nasceu em 05 de fevereiro de 1995, na beira do rio Parnaíba. Maranhense de um lado, piauiense de outro. Segundo a astrologia, aquário. Segundo seu querer, rio. Estudou Letras - Português na Universidade Estadual do Piauí. Corre atrás da paciência carregando a ansiedade nas costas. Professor-Poeta em construção, resistência, movimento e alegria. Ativista cultural que garante que vai mudar o mundo - ou, pelo menos, dar nele uma sacudida boa.

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