A Base Nacional Comum Curricular - BNCC, prevista
no Plano Nacional de Educação, deve ser homologada este ano e recebeu elogios
de palestrantes.
Em
seminário internacional na Câmara, educadores brasileiros e de outros três
países concluíram que é preciso investir na formação continuada de professores,
mudar o currículo das escolas e atualizar os livros didáticos para reduzir um
dos principais gargalos da educação no Brasil, o ensino de matemática.
Os
especialistas defenderam mudanças no
ensino de matemática e nos livros a partir dos parâmetros previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), divulgada em abril pelo Ministério da
Educação (MEC). A proposta está sendo analisada pelo Conselho Nacional de
Educação e deve ser homologada até o fim do ano pelo MEC.
O
seminário, promovido pela Comissão de Educação e pela Frente Parlamentar Mista
da Educação, reuniu educadores brasileiros e especialistas da Inglaterra,
Finlândia e China.
PISA
O
pano de fundo das discussões foram os resultados do Brasil na última edição do Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (PISA), aplicado em 2015 e divulgado no ano passado. Em
uma lista de 70 países, o país ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em
leitura e na 66ª colocação em matemática.
A
prova é aplicada de três em três anos pela Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em matemática, enquanto a média das notas dos
países da OCDE foi de 490 pontos, a do Brasil foi de 377, atrás do México
(408), Colômbia (390), Costa Rica (400), Uruguai (418) e Chile (423) – muito
distantes dos primeiros colocados: Cingapura (564) e Japão (532).
“Se pegarmos os resultados dos exames
internacionais e nacionais a gente vê que precisa avançar mais. Isso é vital
para o futuro do país”, disse o
deputado Alex Canziani (PTB-PR), presidente da Frente Parlamentar Mista da
Educação.
O
deputado Pedro Fernandes (PTB-MA), da Comissão de Educação, relacionou o ensino
da matemática ao crescimento da economia. “Na
Inglaterra, áreas ligadas à matemática são responsáveis por quase 15% do
Produto Interno Bruto (PIB) e 10% dos empregos”, disse.
BASE CURRICULAR
A
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é uma exigência do Plano Nacional de Educação
(PL 8035/10), o PNE, aprovado pela Câmara e pelo Senado. O plano estabelece
metas para todas as etapas do ensino.
A
base não define o currículo das matérias, mas estabelece os parâmetros a partir
dos quais as escolas, estados e municípios vão definir os currículos. Em
relação à matemática, estabelece o desenvolvimento de habilidades e
competências de raciocinar e argumentar de modo a solucionar problemas usando
ferramentas matemáticas. Isso com base na análise de situações e problemas da
vida cotidiana.
A
base foi elogiada por Sue Pope, diretora do Departamento de Desenvolvimento
Profissional e Inovação Educacional da Universidade de Manchester, na
Inglaterra. Ela considera, porém, que a mudança nos parâmetros tem que ser
acompanhada pela formação continuada dos professores, pela aplicação de exames
adequados aos resultados esperados pelo BNCC e por um gerenciamento efetivo
desses resultados.
ENEM
“A proposta é fantástica, mas professores têm que
estar capacitados e comprometidos para que possam ensinar os alunos a aprender
melhor”, disse. Ela sugere que
testes como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) passem a avaliar as
competências previstas na base curricular como maneira de estimular as escolas
a adaptarem seus currículos para as novas exigências.
Algumas
instituições de ensino, como a Escola SESC de Ensino Médio, no Rio de Janeiro,
já adaptaram seus currículos com base na BNCC, a partir das cinco unidades
temáticas definidas pela base curricular: números;
álgebra; geometria; grandezas e medidas; e probabilidade e estatística.
EDUCAÇÃO
FINANCEIRA
A
partir daí, até educação financeira foi incluída no currículo, como explicou o
professor Ulicio Pinto Júnior, coordenador de matemática da Escola SESC. “Com base nisso, mudamos na escola, já que
essas unidades não podem ser fragmentadas e temos que pensar principalmente na
formulação de problemas”, disse.
Ele
defendeu um maior compartilhamento de experiências como essa para incentivar
outras escolas a mudarem também seus currículos, por meio de uma plataforma
colaborativa.
A
professora Kátia Stocco Smole, diretora do Grupo Mathema, estima que a base
nacional curricular pode levar até oito anos para ser efetivamente aplicada e
provocar mudanças na forma como a matemática é ensinada no Brasil.
“O BNCC é um avanço, mas não dá para jogar nisso
toda a responsabilidade. Se não tiver uma política de implantação apoiada pelo
Congresso não vamos a lugar nenhum e só denunciar os resultados de exames como
o PISA ou apontar o professor como culpado não leva a lugar nenhum. Como o
professor vai ensinar o que ele não sabe?”, perguntou.
(Do Agência Câmara)
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