Vista
de longe, a neta do banqueiro suíço Roberta Luchsinger poderia ser confundida
com uma batedora de panela, dessas que gravam vídeo para dizer “sou rica, sou
rica”, têm horror a pobres e fingem se importar com eles.
Roberta
foi educada pelas melhores escolas, costuma se deslocar de helicóptero e
recebia do avô banqueiro uma mesada de 28 mil francos suíços, o equivalente a
97 mil reais, segundo informa a jornalista Eliane Trindade, em sua coluna na
Folha.
A
família de Roberta foi alvo de texto até de João Doria Júnior, que tem um faro
especial para negócios que envolvem milionários — em 2016, em sua coluna na
revista Istoé, Doria escreveu sobre uma disputa por herança na família.
Só
que Roberta não é como seu pares no Brasil, meritocratas da boca para fora, que
não largam a teta do Estado. Não é tampouco bolivariana, socialista ou
comunista. É alguém que entendeu a importância das políticas de inclusão social
no Brasil.
“Esse
ódio exacerbado contra os partidos de esquerda, principalmente contra o PT,
chegou ao ponto de cegar parte da sociedade. Virou moda se referir a Lula como
ladrão”, afirmou ela à Folha.
“Esses
que hoje o demonizam se esquecem de que Lula foi bom para os pobres e também
para os ricos e deixou a Presidência com 90% de aprovação”.
Roberta
é filiada ao PCdoB, partido que conheceu quando esteve casada com o ex-delegado
da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que foi deputado. Mas não segue a
cartilha marxista, como de resto o PCdoB e a maior parte dos partidos de
esquerda — Marco Aurélio Garcia, que foi um influente conselheiro de Lula, já
dizia que ficaria de joelhos agradecendo a Deus se, pelo menos, o Brasil se
aproximasse da social-democracia.
O
casamento de Roberta terminou de maneira rumorosa, com a declaração dela de que
foi traída pelo ex. “Cansei de ser chifrada”, disse à Veja. Roberta, no
entanto, soube separar as coisas e hoje continua apoiando o ex-delegado,
asilado na Suíça por conta de uma condenação Brasil, por desvio funcional no
caso da operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas.
Roberta
também permaneceu filiada ao PCdoB, partido de Protógenes, e só separou depois
da campanha de 2014, para não atrapalhar a campanha à reeleição do então marido.
Sua
página no Facebook revela um pouco do que pensa. Ela postou uma reportagem
sobre o prefeito de São Paulo e escreveu: “Doria e seu sonho de ser o Lula”.
Crítica da Lava Jato e ironizou a notícia de que Adriana Ancelmo, depois de
presa, se separaria do ex-governador Sérgio Cabral: “Acabou a mamata, acabou o
amor… será que algum dia ele existiu?” Chamou o impeachment pelo que é: golpe.
Na
rede, não deixa de falar de suas preferências pessoais, como vestido de
casamento e música.
Roberta
namorou o ex-prefeito de Jaguariúna, depois da separação de Protógenes, se
preparou para desfilar em escola de samba e planejou escrever um livro para dar
dicas de gastronomia para quem quer emagrecer – ela disse que perdeu mais de 30
quilos mudança de hábitos alimentares.
Aos
32 anos, Roberta, no campo pessoal, tem sonhos e planos como toda mulher da sua
idade. O que a difere é a sensibilidade social. Depois que anunciou que doaria
500 mil reais a Lula e sugeriu uma vaquinha, foi criticada por gente que
acredita pertencer ao mesmo mundo que ela.
“Que
tal doar para mim também? Perdi quase tudo que meu suor conquistou com as
trapalhadas dos socialistas. Aceito $ 100.000,00. Já ajuda”, escreveu um deles
na rede social. Os outros vão na mesma linha. São provavelmente da mesma massa
que se informa pelo Jornal Nacional e não entenderam nada sobre o que foi
governo Lula nem sobre os propósitos de Roberta.
Roberta
acredita que, com o golpe que derrubou Dilma, o Brasil foi na contramão da
história e isso é ruim para os negócios. Para ela, o país precisa reduzir a
desigualdade social para crescer e não cortar direitos sociais, que, no curto
prazo, beneficiam apenas uma parcela muito pequena da sociedade.
“Independentemente
de (Lula) ser ou não candidato, este dinheiro vai permitir a Lula sair pelo
Brasil espalhando esperança. Não podemos perder a crença na política.
Precisamos de união”, disse.
Os
críticos de Roberta, seguidores do Pato da Fiesp, se comportam como os brancos
pobres da época em que a sociedade ainda era escravocrata. Repetem o que ouvem
e acham que são ricos. Não passam de massa de manobra de uns poucos
brasileiros. Quem conhece a riqueza sabe que, até para explorar, o Brasil
precisa de inclusão social, e não o contrário.
(Do DCM)
0 COMENTÁRIOS:
Postar um comentário
O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem. Ofensas pessoais, mensagens preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, ou ainda acusações levianas não serão aceitas. O objetivo do painel de comentários é promover o debate mais livre possível, respeitando o mínimo de bom senso e civilidade. O Redator-Chefe deste CORREIO poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.