Ninguém se iluda:
passado o frenesi dos resultados do primeiro turno das eleições municipais, o
cerco contra Lula retoma seu curso. A questão não é "se" ele será
preso na Operação Lava Jato, mas "quando". Afinal, sua culpa foi
determinada desde sempre. É uma operação que não nasce para investigar se há
culpa, mas para encontrar algo que justifique uma culpa definida de antemão.
O antilulismo da direita tem razões claras. Lula é
o mau exemplo, Lula é o operário que não soube seu lugar. Lula liderou o
movimento que fez a classe trabalhadora ganhar protagonismo na política
brasileira, a partir do final da ditadura militar. E Lula conduziu um governo
que, com todos os seus problemas, contribuiu para reduzir a vulnerabilidade de
milhões de brasileiros e para desafiar hierarquias centenárias. Embora sempre
se lembre que a burguesia lucrou muito nos governos petistas, o antilulismo das
elites brasileiras é perfeitamente razoável: para elas, manter a
vulnerabilidade extrema da maioria dua população e proteger as hierarquias
sociais faz muito sentido.
Mais difícil é
entender o antilulismo de parte da esquerda. Sim, Lula optou por um pragmatismo
político exacerbado e apostou na conciliação de classes. Os governos petistas
foram covardes no enfrentamento de muitos privilégios e, quando atacados, só
conseguiam reagir fazendo mais concessões. Lula se tornou bem mais amigo de
empreiteiros e outros capitalistas do que seria razoável. Há muito que criticar
em sua trajetória.
Mas a esquerda
antilulista age não como quem analisa erros políticos e desvios de caminho, mas
como quem sofreu uma desilusão amorosa. O maior pecado de Lula é não ter sido
aquilo que projetavam nele. E é essa vingança, que se traveste de radicalidade
política, mas nasce do coração partido, que faz com que o cerco a Lula, a
destruição de seu legado e de sua imagem, sejam vistos por alguns com alegria
aberta ou disfarçada.
É um sério
equívoco, eu creio. Com todos seus erros, Lula é uma liderança popular invulgar
– e o que se quer destruir é essa liderança, não os erros. Lula buscou um
caminho, que foi conciliatório, tortuoso e limitado, mas era um caminho para
retirar da miséria e ampliar os horizontes dos brasileiros mais
desprivilegiados. Pouco, talvez, para quem sonha com o fim da exploração e da
alienação. Mas o caboclo do interior do Brasil que não tinha energia elétrica e
viu chegar o Luz para Todos, aquele outro que botou comida na mesa com o Bolsa
Família, o trabalhador na base da pirâmide que ganhou com o aumento real do
salário mínimo, o menino pobre que chegou na universidade, será que trocariam
esses ganhos, ainda que insuficientes, por um punhado de teses sem ressonância
no mundo social, brandidas de intelectuais da extrema-esquerda?
Vamos criticar a
experiência petista? Vamos. Ela acomodou, ela cedeu, ela não foi tão firme
quanto devia na defesa da classe trabalhadora, dos direitos das mulheres, da
cidadania de gays, lésbicas e travestis. Compactuou com a corrupção, contribuiu
para a sobrevida de elites políticas carcomidas, em vários momentos deixou de
avançar quando podia, por culpa de sua incontrolável pulsão pela conciliação.
Acreditou na sua própria fantasia de transcendência do conflito social.
Terminou por enfraquecer as forças populares, ao promover sua desmobilização
como forma de mostrar aos grupos dominantes que permaneceria dentro dos
estreitos limites pactuados. Mas vamos também reconhecer os ganhos que foram
alcançados e, sobretudo, a tentativa real de dar uns passos para frente, poucos
que fossem, mas para frente - nas condições adversas de um país atrasado como o
Brasil.
E vamos reconhecer
em Lula o que ele é: com seus limites, com suas contradições, com seus vacilos,
com o diabo a quatro, ele é a maior liderança popular da história deste país.
Alguém que, por mais críticas e discordâncias que possamos ter, está do lado de
cá, não do lado de lá. Não se trata de endeusar Lula, nem torná-lo imune a
críticas, mas de compreender quem ele é e o que ele simboliza. Por isso,
defender Lula contra a perseguição criminosa que ele sofre, protestar contra a
arbitrariedade de que ele é alvo, contribuir para, sim, incendiar o país quando
ele for preso – esses são compromissos de qualquer pessoa que se queira de
esquerda, progressista ou democrata no Brasil.
(Luís Felipe Miguel é professor de ciência política da Universidade
de Brasília)
ResponderExcluirGente que é isso? Isso é perseguição, o Lula é um "santo" homem, ele nunca desviou dinheiro pra criar empresa pros filhos, na época do mensalão ele não sabia de nada, no caso da Petrobrás também ele não tem nenhum envolvimento e ele não tem culpa do Brasil ter afundado nesta maldita crise! O povo é que gosta de procurar "pêlo em ovo" e fica jogando tudo nas costas do Lula, esse "santo" homem! Como é que pode, aff!
Everdade errado e adilma q entrou roubando .lula evoluiu o brasil com varios programa ai colocou nas maos da dilma obrasil afundou de vez.deverimos torce p ele entrar como presidente de
ResponderExcluirnovo ai sim obrasil ia crescer