*Do Brasil 247
Um dia
antes de ser demitido da GloboNews, onde estava desde 1997, o jornalista Sidney
Rezende, um dos fundadores da rádio CBN, fez críticas graves ao jornalismo
praticado no Brasil. Em um texto intitulado “Chega
de notícias ruins”, publicado em seu perfil no Facebook e em um blog
pessoal Rezende argumentou que notícias positivas estão fora da pauta da mídia
e lamentou: “Se pesquisarmos a quantidade
de boçalidades escritas por jornalistas e ‘soluções’ que quando adotadas deram
errado daria para construir um monumento maior do que as pirâmides do Egito.
Nós erramos. E não é pouco. Erramos muito.”
Para
Rezende, há uma má vontade generalizada de repórteres que se especializaram em
política e economia, cuja obsessão é ver no Governo o demônio, “a materialização do mal, ou o porto da
incompetência”. Para ele, “essa
situação está sufocando a sociedade e engessando o setor produtivo”.
A
demissão de Rezende foi anunciada na sexta-feira (13). “Relações profissionais podem ser interrompidas, sem que isso
signifique que não possam ser retomadas mais adiante. A Globo só tem elogios à
conduta profissional de Sidney, um jornalista completo'', informou a
emissora em nota.
O texto
que Rezende publicou é do dia 12, e destaca que “uma trupe de jornalistas parece tão certa de que o impedimento da
presidente Dilma Rousseff é o único caminho possível para a redenção nacional
que se esquece do nosso dever principal, que é noticiar o fato, perseguir a
verdade, ser fiel ao ocorrido e refletir sobre o real e não sobre o que pode
vir a ser o nosso desejo interior. Essa turma tem suas neuroses loucas e querem
nos enlouquecer também”.
Abaixo (ou aqui) a íntegra da queixa de Sidney Rezende:
CHEGA
DE NOTÍCIAS RUINS
Sidney Rezende
Em todos os lugares
que compareço para realizar minhas palestras, eu sou questionado: "Por que
vocês da imprensa só dão 'notícia ruim'?"
O questionamento
por si só, tantas vezes repetido, e em lugares tão diferentes no território
nacional, já deveria ser motivo de profunda reflexão por nossa categoria. Não
serve a resposta padrão de que "é o que temos para hoje". Não é
verdade. Há cinismo no jornalismo, também. Embora achemos que isto só exista na
profissão dos outros.
Os médicos se acham
deuses. Nós temos certeza!
Há uma má vontade
dos colegas que se especializaram em política e economia. A obsessão em ver no
Governo o demônio, a materialização do mal, ou o porto da incompetência, está
sufocando a sociedade e engessando o setor produtivo.
O
"ministro" Delfim Netto, um dos mais bem humorados frasistas do
Brasil, disse há poucas semanas que todos estamos tão focados em sermos
"líquidos" que acabaremos "morrendo afogados". Ele está
certo.
Outro dia, Delfim
estava com o braço na tipoia e eu perguntei: "o que houve?". Ele
respondeu: "está cada vez mais difícil defender o governo".
Uma trupe de
jornalistas parece tão certa de que o impedimento da presidente Dilma Rousseff
é o único caminho possível para a redenção nacional que se esquece do nosso
dever principal, que é noticiar o fato, perseguir a verdade, ser fiel ao
ocorrido e refletir sobre o real e não sobre o que pode vir a ser o nosso
desejo interior. Essa turma tem suas neuroses loucas e querem nos enlouquecer
também.
O Governo acumula
trapalhadas e elas precisam ser noticiadas na dimensão precisa. Da mesma forma
que os acertos também devem ser publicados. E não são. Eles são escondidos.
Para nós, jornalistas, não nos cabe juízo de valor do que seria o certo no
cumprimento do dever.
Se pesquisarmos a
quantidade de boçalidades escritas por jornalistas e "soluções" que
quando adotadas deram errado daria para construir um monumento maior do que as
pirâmides do Egito. Nós erramos. E não é pouco. Erramos muito.
Reconheço a
importância dos comentaristas. Tudo bem que escrevam e digam o que pensam. Mas
nem por isso devem cultivar a "má vontade" e o "ódio" como
princípio do seu trabalho. Tem um grupo grande que, para ser aceito,
simplesmente se inscreve na "igrejinha", ganha carteirinha da banda
de música e passa a rezar na mesma cartilha. Todos iguaizinhos.
Certa vez, um homem
público disse sobre a imprensa: "será que não tem uma noticiazinha de nada
que seja boa? Será que ninguém neste país fez nada de bom hoje?". Se
depender da imprensa brasileira, está muito difícil achar algo positivo. A má
vontade reina na pátria.
É hora de mudar. O
povo já percebeu que esta "nossa vibe" é só nossa e das forças que
ganham dinheiro e querem mais poder no Brasil. Não temos compromisso com o
governo anterior, com este e nem com o próximo. Temos responsabilidade diante
da nação.
Nós devemos
defender princípios permanentes e não transitórios.
Para
não perder viagem: por que a gente não dá também notícias boas?
GLOBOSTA!
ResponderExcluirEle está certíssimo! Excelente profissional. O sensacionalismo para alguns jornalistas é o que importa, deveriam procurar buscar a verdade nas notícias que divulgam por ai como Sidney explicou.
ResponderExcluirBrasil247 só fala da Globo por que será?
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