*Publicado por Luiz Flávio Gomes em
www.jusbrasil.combr
“O banco
suíço (BSI) informou que o extrato bancário é falso e que o Sr. Romário de
Souza Faria não é o titular desta conta em nosso banco na Suíça. O extrato em
questão foi publicado há duas semanas por VEJA como prova de que Romário era
titular de uma conta bancária na Suíça com saldo equivalente a 7,5 milhões de
reais. O comunicado do BSI não deixa dúvida sobre as adulterações no documento
e pede às autoridades que investiguem a autoria da falsificação. Por ter
publicado um documento falso como sendo verdadeiro, VEJA pede desculpas ao
senador Romário e aos seus leitores. Esse pedido de desculpas não veio antes
porque até a tarde desta quarta-feira ainda pairavam perguntas sem respostas
sobre a real natureza do extrato, de cuja genuinidade VEJA não tinha razões
para suspeitar. A nota do BSI dissipou todas as questões a respeito do extrato.
Ele é falso. Estamos revisando passo a passo o processo que, sem nenhuma má fé,
resultou na publicação do extrato falso nas páginas da revista, evento singular
que nos entristece e está merecendo toda atenção e cuidado para que nunca mais
se repita”.
O desrespeito à Constituição é
flagrante e abominável. Mas tudo isso ainda acontece no Brasil, em pleno século
XXI, em virtude de setores da grande mídia se considerarem acima de tudo e de
todos. De onde vem isso?
Da casa de tolerância plutocrata (governo dos ricos), oligárquica (governo dos grupos selvagens que vivem sob o manto do
capitalismo cartelizado, de compadres) e cleptocrata
(governo de ladrões) em que se transformou o primeiro governo pós-ditadura, de
José Sarney (1985-1989), emergiram sobranceiros (na verdade, se consolidaram)
alguns oligopólios midiáticos (destacando-se, dentre eles, evidentemente, a
rede Globo e a VEJA), que participaram direta ou indiretamente do golpe
civil-militar de 1964, encobrindo sorrateiramente
durante anos a roubalheira silenciosa (não alardeada ao público) de todas as
bandas podres do poder econômico, financeiro, militar e político que fizeram
fortunas incalculáveis durante ou após o regime ditatorial.
De concessão em concessão, cada vez mais nebulosas
e “políticas” (para não dizer corruptas), os serviços das comunicações foram se
privatizando nas mãos de alguns senhores alinhados ao neofeudalismo, que atuam
à margem de qualquer controle sério dos seus abusos e excessos (como o recente
praticado contra o senador Romário, pela revista VEJA).
Não creio que se trate de um serviço público
essencial do Estado democrático, tampouco acredito que os agentes privatizados
estejam fazendo escorreito uso da liberdade de expressão. A corrupção de
jornalistas, políticos, escritores e artistas continua, particularmente, em
alguns setores na grande mídia, desenfreada.
Em nome de um guarda-chuva sagrado (a liberdade de
expressão é a espinha-dorsal das democracias cidadãs) são praticados diariamente
tanto atos de contenção de alguns desvios da res pública (jornalismo
responsável) como as mais primitivas e ignominiosas ofensas aos interesses
gerais da população e da nação (jornalismo irresponsável).
Luiz Flávio Gomes: Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG.
Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça (1980 a
1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). [ assessoria de
comunicação e imprensa +55 11 991697674 [agenda de palestras e entrevistas] ]
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