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COLUNA DOMINICAL - UM OLHAR LITERÁRIO DE BURITI

ERA UMA VEZ, UMA FONTE DE ÁGUA PURA

 *Por Djalma Passos
Depois que saí do meu torrão amado, em busca de novas fontes de saber, descobri tantas contradições nos lugares mais civilizados, mas uma chamou a minha atenção, porque sofri um choque, com a consciência de que eu, apesar de caboclo buritiense, não era ignorante! Aconteceu durante a minha primeira viagem para São Luís do Maranhão. 
Ao chegarmos, depois de muito penar viajando por uma estrada de piçarra mal construída, na cidade de Itapecuru Mirim, ouvi alguém pedir numa lanchonete, em tom enfático: "me dá uma água mineral aí!”.   Estranhei, porque eu havia aprendido no meu velho e saudoso Grupo Escolar Antonio Faria, na minha Buriti, que dentre os minerais, a ÁGUA, fonte de vida, era por essa razão o mais importante e útil mineral para todos os seres vivos, então dizer-se água mineral não me pareceu correto e não era, e não é. 
Hoje, rememorando fatos da minha vida, da minha Buriti querida, veio a lembrança amável e dolorida da Fonte de Água Pura, que encantou e saciou a sede de muitas gerações de Buriti, localizada numa área verdejante de um brejal famoso, cheio de palmeiras de buriti e juçareiras, entre as duas ladeiras principais, que franqueavam o ingresso na cidade! Essa fonte de água límpida descia em forma de cascata a que todos chamávamos de bica e era de sabor e aroma inigualável e de cor maravilhosa!
Água é incolor, dirão os cientistas, mas para nós, os amantes das belezas naturais, vemos cores, odores, também na água, principalmente na água daquela fonte, de água, de vida e de amor! Eu e muitos da minha geração buscávamos água para abastecer nossos potes e bilhas das nossas casas, em carros de madeira de duas rodas, equipados, com latas que haviam sido utilizadas para transportar querosene, devidamente higienizadas, com folhas de axixá e de juá. A recomendação de nossos pais e avós era a de que não sujássemos a fonte e nem mexêssemos na bica, para não destruí-las, porque era de “todo mundo”, portanto, tivéssemos cuidado com "as validações de meninos traquinas!" Recomendações obedecidas à risca, sob pena de reprimendas pesadas! 
Muito tempo se passou e Buriti, começou a sofrer nas mãos de administradores sem compromisso com a cidade e com a população e então, ocorreu um dos crimes mais repudiáveis, a Morte da Fonte de Água Pura, com a construção de um Hospital, exatamente, no centro do manancial de água cristalina, destruindo a fonte de vida, de alegria da criançada e de toda a população, crime perpetrado por quem deveria ter dado o bom exemplo, o prefeito da cidade na época, que por ironia, também era médico! E o fez, tão somente por ganância, pra adquirir riqueza pessoal em detrimento da saúde, da alegria, da tradição de uma gente ordeira, simples, humana, bonita e pacata excessivamente! E ficou e continua impune e explorando a boa fé, ou a tola e injustificada concordância de todos! 
Perdoa-nos, minha amada Buriti, por termos permitido, que tantos cruéis assassinos te destruam e te roubem dia e noite e noite e noite e dia, na nossa frente, zombem da nossa excessiva tolerância e permaneçam impunes! Perdoa-nos, por tanta covardia nossa, por te amarmos e permanecermos nessa letargia e por permitirmos, que eles continuem te liquidando covardemente, sem te socorrermos!
*Djalma Passos: buritiense, ardoroso amante da minha terra, deu meus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antonio Faria, cursei o Ginásio Industrial na antiga Escola Técnica Federal do Maranhão, estudei o Curso Científico no Liceu Piauiense e o conclui no Liceu Maranhense, militei na área de educação, orientando nas matérias português e inglês, cursei a Faculdade de Direito de São Luís/UFMA, pós graduado no primeiro Curso de Formação de Magistrado do Maranhão, Direito Civil e Penal, Delegado de Polícia Civil concursado, aposentado na Classe Especial, exerci todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública, inclusive o de Secretário, advogado legalmente inscrito e em dia, na OAB/MA em atividade, detesto injustiça de qualquer ordem, principalmente praticada contra pobres e oprimidos, em favor dos quais atuo, como o fiz no último Júri realizado em Buriti no último dia 02 de dezembro próximo passado! Adoro minha Buriti e tudo o que ela ainda tem de bela, principalmente a sua gente!

5 Comentários

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  1. "Perdoa-nos, por tanta covardia nossa, por te amarmos e permanecermos nessa letargia e por permitirmos, que eles continuem te liquidando covardemente, sem te socorrermos!" Prezado autor com respeito aos seus títulos e a autoria deste texto que ora aprecio, lamento também por você e tantos outros buritienses, somente rememorarem e não fazerem nada- lamento por ter tantos títulos, ter conseguido tanto "saber" para discutir e publicar no blog este texto, que apesar de não ter contemplado como buritiense esta beleza que descreve- tive a oportunidade de escutar histórias de minhas tias sobre a riqueza do local-causa um impacto muito grande nessa geração, perceber que os que estavam nesta geração ficaram de "mãos e bocas atadas" é urgente lutar pelo meio em que vivemos, mas as palavras belas não irão restaurar ou trazer esta riqueza de volta, enquanto ainda temos riqueza,pouco, escassa, lutemos nesta geração para que não venhamos lamentar como o senhor/os senhores, as senhoras, que não fizeram nada para preservar a referida fonte!

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  2. Apesar de tratar-se de um anônimo, o que já o desclasica a receber qualquer análise, porque e uma opinião temerária, se conhecesse a história de Buriti, vivenciando-a, como eu, certamente não me agridiria injusta e gratuitamente! Saberia, que sempre estive ligado à minha terra, desempenhando um trabalho nobre, inclusive na defesa de pobres e oprimidos, meus conterrâneos! Tratando-se de um anônimo, já lhe dediquei um tempo e esclarecimento suficientes, para um exame de consciência sobre o despropisitado e impróprio comentário! Grato pelo elogio, já que lhe não posso dar pérolas, que talvez não as soubesse usar!

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  3. Muito lamentável ver essas pessoas amantes de Buriti,como o Djalma Passos falando tão bem de como era, entretanto não fazendo nada para mudar a realidade triste que ela atualmente presencia.

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  4. Difícil de opinar. Não vivenciamos os fatos, principalmente políticos. Sabemos, por ouvir dizer, que as ações no município de Buriti, sempre foram pessoais, não administrativas. Explico: as autoridades municipais agindo sempre para contradizer ou destruir individualmente os feitos ou a boa intenção do adversário. Ouvimos também falar de bons prefeitos. Quanto à Fonte de Água Pura, não entendi o motivo do autor não se referir momento algum ao verdadeiro nome do local. Seria politicamente incorreto ou prestigiaria quem no passado denominou o local? Eu fico na minha e também não falarei o verdadeiro nome. Posso estar enganado. O certo é que, em 2010, segui caminho em direção ao local e não encontrei nem acesso. Perguntei a uma anciã, que estava próxima de lá, sobre o local e ela sem conhecimento algum, disse que nunca ouviu falar... Estranho! Virou tabu? Continuo achando poético o nome original, histórico e referência da cidade. O Morro virou piscina? Já ouvi dizer.

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