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COLUNA DOMINICAL - UM OLHAR LITERÁRIO DE BURITI

Voo Negro Em Buriti De Inácia Vaz

*Por Fernando Vaz
Nas tardes de Buriti de Inácia Vaz acontecia um fenômeno interessante. Quando o tempo começava a esfriar, a cidade era rapidamente tomada por milhares de “invasores” que vinham de muito longe e, embora fossem pequenos, conseguiam produzir instintivamente uma sombra que o próprio sol - vejam só, o astro rei-, não conseguia romper.
Era o voo das andorinhas negras e azuis. Estas se reuniam sem planejamento prévio, eram somente orientadas pelo improviso e conseguiam, sincronizadamente, desenvolver coreografias perfeitas, que só algo criado por Deus poderia executar sem falar, é claro, do som emitido por suas asas que pareciam turbinas de avião, tamanha era sua pujança e vigor.
Era fascinante! Quem vinha para o festejo de Nossa Senhora de Sant’ Ana poderia vê-lo e maravilhar-se. Embora o mesmo espetáculo pudesse representar algo comum para os viventes da cidade, já que estavam acostumados ou talvez não tivessem a noção do tesouro que possuíam.
Não tinham nenhum propósito de destruição, pelo contrário, eram frágeis, mas isso não as impediam de ajudar no equilíbrio biológico quando se alimentavam dos insetos que atazanavam a vida dos moradores e visitantes da cidade. Tinha algo de essencial nelas, eram úteis!
Os moleques da praça gostavam de atirar pedras com suas “baladeiras” nas andorinhas que, sinceramente, não era difícil de acertá-las, pois havia muitas e voavam junta, como se fosse para se proteger de uma possível ameaça superveniente. Mas a ingenuidade deles era comum a que as andorinhas possuíam. O verdadeiro perigo não seriam os pequenos caçadores.
Alguns anos se passaram e o balé negro das aves findou, nunca mais se viu as andorinhas, nunca mais as tardes de Buriti teriam a mesma beleza como dantes. Mas o que teria acontecido? Elas morreram ou alguém as expulsou de lá?
O fato é que as árvores que traziam sombra e vida para a praça central da cidade secaram, assim como sua fonte belíssima que enchia os olhos dos que, sem dinheiro para comprar um brinquedo, se contentavam em ficar olhando até que o encarregado por ela a desligasse e as águas coloridas deixassem de cair.
Coisas mínimas nos faziam feliz em Buriti.

4 Comentários

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  1. Texto muito bem elaborado. Poético. Sensível. Convincente. Histórico. Perguntaria ao autor, e mesmo à comunidade, até que data isso acontecia. Pelo que me lembro, até 1950, onde hoje a praça central foi construída, era um largo, com um tapete de grama verdinha, em tempo de chuvas, ou mesmo de capim rasteiro, com declínio desde a residência do sr. Oswaldo Faira em direção à imponente casa do Major João Pio Cardoso, o Papai Pio, e Claudina de Lima Cardoso, a Mãedinha, até hoje muito bem conservada por Maria José Ramos de Sousa Bacelar, filha de criação do casal. A dúvida é sobre as árvores... Estas possivelmente sejam da época da construção da praça e arborização da cidade? Eram as amendoeiras já da década de 1960? Quem saberia esclarecer. O próprio autor seria a fonte mais fidedigna para o esclarecimento. Parabéns pelo registro que faz parte da história da cidade de Buriti de Inácia Vaz.

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  2. ATÉ 2004 LEMBRO DESSE ESPETACULO DAS ANDORINHAS... ERA FASCINANTE!!!
    E QUEM AQUI COMENTA ACHANDO O TEXTO UMA BOBAGEM, É NO MINIMO UM SEM CULTURA DE PONTA DE ESQUINA DE BURITI

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  3. esse espetaculos era natural e o maiss indo que ja assisti ... !!!! precisa ter sensibilidade pra saber a importancia da natureza em nossa vida , aquele que critica achando uma bobagem é no minimo um idiota que nao sabe amar nao sabe o verdadeiro valor da palavra amor...
    Parabéns fernando muito lindo suas lembranças pois são as minhas também , e moro aqi perto da igreja e sinto mt falta das andorinhas e sua dança fantastica

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