Trending

NÃO HÁ INOCENTES. 8 MILHÕES JÁ PAGARAM PROPINAS

*Publicado por Luiz Flávio Gomes –

01. Diz o nosso correspondente que o “sabe de nada, inocente”, no Brazilquistão, só tem sentido quando se quer debochar de alguém. O povo majoritariamente sabe muito bem o que é certo e o que é errado, ou seja, tem noção muito boa sobre o que é ético e moralmente adequado, embora viva mergulhado na corrupção e na malandragem. Pesquisa do Datafolha de 2009 revelou que 94% acham errado oferecer propina e vender o voto. Na teoria, dizem os nativos, somos muito parecidos com a Escandinávia (chamamos isso aqui na nossa Ilha de Brazildinávia). Na prática somos outro tipo de gente: somos mesmo do Brazilquistão. A pesquisa mostrou que 13% dos ouvidos (maiores de 16 anos) já trocaram voto por emprego, por dinheiro ou por presente (dentadura, saco de cimento, uma licitação, fornecimento de materiais a uma grande empresa etc.). Num universo de 150 milhões de pessoas (maiores de 16 anos), 13% significam quase 20 milhões! Outros 12% afirmaram estarem sempre dispostos a aceitar dinheiro para mudar o voto; 79% acreditam que os eleitores vendem seus votos; 33% dos entrevistados concordam que não se faz política sem um pouco de corrupção; 92% acreditam que há corrupção no Congresso e nos partidos políticos; para 88%, na Presidência da República e nos ministérios.
02. Dos entrevistados, 13% já ouviram pedido de propina (isso significa quase 20 milhões de pessoas) e 36% destes (quase 8 milhões de pessoas) já pagaram; 5% (7,5 milhões de pessoas) já ofereceram propina a funcionário público; 4% (6 milhões) pagaram para serem atendidos antes em serviço público de saúde; 2% (3 milhões) compraram carteira de motorista; 1% (1,5 milhão de pessoas) compraram diploma falso. Mais: 83% (125 milhões de pessoas) admitiram ao menos uma prática ilegítima ao responder a pesquisa (7% reconheceram a prática de 11 ou mais ações ilegítimas, admissão considerada "pesada"; 28% dizem ter praticado de 5 a 10 ações; 49% tiveram uma conduta "leve", com até quatro irregularidades). A pesquisa ainda mostra que 31% dos entrevistados (quase 50 milhões de pessoas) colaram em provas ou concursos (49% entre os jovens); 27% receberam troco a mais e não devolveram; 26% admitiram passar o sinal vermelho; 14% assumiram parar carro em fila dupla. Dos entrevistados, 68% compraram produtos piratas (mais de 105 milhões de pessoas); 30% compraram contrabando; 27% baixaram música da internet sem pagar; 18% compraram de cambistas; 15% baixaram filme da internet sem pagar.
São os mais ricos e mais estudados os que têm as maiores taxas de infrações (97% dos que ganham mais de dez mínimos assumem ter cometido infrações e 93% daqueles que têm ensino superior também), sendo que 17% dos mais ricos assumem frequência pesada de irregularidades (11 ou mais atos). Entre os mais pobres, 76% assumem infrações; dos que têm só o ensino fundamental, 74% afirmam o mesmo. Apesar disso, 74% dizem que sempre respeitam as leis, mesmo se perderem oportunidades. E 56% afirmam que a maioria tentaria tirar proveito de si, caso tivesse chance.


*Luiz Flávio Gomes - Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). [Assessoria de comunicação e imprensa +55 11 991697674 [agenda de palestras e entrevistas] ]

Postar um comentário

O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem. Ofensas pessoais, mensagens preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, ou ainda acusações levianas não serão aceitas. O objetivo do painel de comentários é promover o debate mais livre possível, respeitando o mínimo de bom senso e civilidade. O Redator-Chefe deste CORREIO poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.

Postagem Anterior Próxima Postagem
header ads