Hugo
Chávez, que morreu hoje (5) aos 58 anos, assumiu a Presidência da República
pela primeira vez em 1999 e foi três vezes reeleito para o cargo – a última
delas em outubro do ano passado, quando derrotou Henrique Capriles. Como
paraquedista militar, Chávez sempre se orgulhou da disposição física. Era
praticante de beisebol e fazia caminhadas diárias. No ano passado, admitiu
estar com câncer.
Chávez
foi internado em Havana, Cuba, para três cirurgias de urgência. Em uma delas, o
presidente informou ter retirado um tumor da região pélvica. Dias depois
confirmou que estava com câncer. Informações atribuídas a assessores indicaram
duas suspeitas para o tumor de Chávez: no cólon ou na próstata.
Em
dezembro de 2012, Chávez retornou a Cuba para mais uma cirurgia. Antes de
deixar a Venezuela, pediu à população para que, na eventualidade da sua
ausência, apoiasse o vice-presidente, Nicolás Maduro. A reação de Chávez
surpreendeu e foi interpretada como a antecipação da transmissão do cargo de
presidente. Imediatamente à partida de Chávez, foi aberta uma disputa política
interna no país entre governistas e oposicionistas.
Chávez
ficou mais de dois meses em Cuba. Depois, retornou à Venezuela. No comando
do governo durante 13 anos, a palavra de ordem de Chávez foi a Revolução
Bolivariana em defesa da unidade latino-americana e da melhoria da condição de
vida dos mais pobres. Definindo-se como socialista, o presidente era um
crítico do neoliberalismo, da globalização e da política norte-americana.
Também se dizia defensor do nacionalismo adotando medidas estatizantes e
causando temores em investidores externos, segundo especialistas.
Desde
2000, Chávez promoveu a nacionalização de vários setores da economia do país.
Inicialmente, estatizou a siderúrgica Sidor – responsável por 85% da produção
de aço no país – no mesmo período, ele começou o processo de nacionalização da
empresa Petróleos de Venezuela (PDVSA), ação concluída em 2007.
No ano
passado, o presidente da Venezuela anunciou a nacionalização de 11 plataformas
de petróleo norte-americanas vinculadas à empresa Helmerich & Payne.
Anteriormente, foi anunciada a estatização de fábricas do México, da França e
da Suíça.
Na sua
gestão, o venezuelano adotou como base as ações que se destinam à política
assistencial envolvendo campanhas de alfabetização, de combate à desnutrição e
à pobreza. Ao mesmo tempo, ele instaurou um regime militar rigoroso no país,
modificou a Constituição – permitindo a reeleição sucessivas vezes – e alterou
o sistema de funcionalismo público.
O
estilo Chávez de conduzir a política interna e se manifestar sobre as questões
externas dividia opiniões. Amigo de Fidel Castro, ex-presidente de Cuba,
Muammar Khadafi, então líder da Líbia, e Mahmoud Ahmadinejad, presidente do
Irã, entre outras autoridades, o venezuelano não se esquivava de defender as
pessoas próximas a ele. Em 2005 e 2006, ele foi incluído entre as 100 pessoas
mais influentes do mundo, segundo a revista britânica The Time.
Em
2004, um grupo de manifestantes foi às ruas de Caracas pedir a saída de Chávez.
Os protestos foram contidos pelas forças de segurança e, desde então, a relação
do presidente venezuelano com a imprensa estrangeira passou a ser tensa.
Segundo Chávez, a imprensa incitava o povo ao ódio, um dos alvos dele era a
emissora de televisão Globovisión, que teve a concessão cancelada.
Bem-humorado,
Chávez fez várias viagens ao Brasil. Em junho, quando fez a primeira visita
oficial na gestão da presidenta Dilma Rousseff, ele usou muletas, pois alegou
dores no joelho esquerdo. Anteriormente, havia desmarcado uma viagem também se
queixando de dores no mesmo joelho. Durante a visita a Brasília, brincou que
seu mal era a idade. Em julho, ele compareceu à cerimônia de adesão da
Venezuela ao MERCOSUL e indicou estar recuperado do câncer.
No
entanto, em dezembro, quando houve a Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul,
na qual estava marcada uma cerimônia em homenagem à Venezuela, Chávez não
participou. Em Cuba para tratamento de saúde, o presidente enviou uma delegação
para as reuniões.
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