Trending

ORGANIZAÇÕES DEFENDEM MAIS RIGOR NA APURAÇÃO DE CRIMES CONTRA JORNALISTAS


*Com informações da Agência Brasil
Representantes de organizações ligadas à comunicação defenderam mais rigor na apuração de crimes contra jornalistas, durante a primeira reunião do Grupo de Trabalho (GT) sobre Direitos Humanos dos Profissionais de Jornalismo no Brasil realizada ontem (19). A federalização da investigação desses crimes foi apontada como possível solução para o problema.
“A federalização da apuração de crimes contra jornalistas vai diminuir a impunidade”, disse a representante da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Maria José Braga. A mesma opinião foi expressa pelo representante da Federação Interestadual dos Trabalhadores de Radiodifusão e Televisão (Fitert), José Antônio Jesus da Silva. Ele defendeu que a medida seja estendida aos radialistas e comunicadores. “Nos últimos anos, pelo menos dez radialistas foram assassinados por conta da atividade”, lembrou.
As organizações também citaram o Projeto de Lei (PL) 1.078/2011, que transfere à esfera federal a responsabilidade de apurar os crimes cometidos contra jornalistas no exercício da atividade. Desde 2011, o projeto está parado na Câmara dos Deputados, aguardando parecer da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.
O grupo de trabalho deve analisar as denúncias de ameaça ao exercício profissional dos comunicadores e encaminhá-las aos órgãos competentes, além de acompanhar os desdobramentos. Inicialmente devem ser analisados cerca de 50 casos, envolvendo ameaças, sequestros e homicídios. O grupo terá seis meses para concluir os trabalhos. O prazo pode ser prorrogado por mais seis meses.
O delegado da Polícia Federal (PF) Delano Cerqueira Bunn, integrante do GT, argumentou que é preciso investir mais na estrutura da PF antes de pensar na federalização das investigações. Ele também ressaltou que, mesmo com problemas, é preciso reforçar a competência dos órgãos de apuração locais, avaliando caso a caso. “O efetivo da Polícia [Federal] é formado por 10 mil policiais, não conseguiríamos atuar em todos os casos. O melhor é que vários órgãos possam investigar essa questão”, ponderou.
Bunn defendeu ainda que os casos mais emblemáticos sejam encaminhados para o ministro da Justiça que tem, por lei, a prerrogativa de determinar a federalização da investigação ainda que as situações sejam avaliadas caso a caso.
A procuradora federal Luciana Marcelino Martins também defendeu a investigação por diferentes instituições. Ela chamou a atenção para a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37, que trata da restrição do poder de investigação do Ministério Público (MP). “Se isso acontecer, vamos correr o risco de que muitas investigações feitas pelo MP sejam consideradas ilegais pela Justiça”, observou.
O representante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Gésio Passos, lembrou outro tipo de intimidação, em sua opinião cada vez mais frequente: a que ocorre por meio de processos judiciais. “É importante que o GT, além dos casos envolvendo ameaça e violência, atente para formas cada vez mais comuns de intimidação da atuação profissional do jornalista”. Passos citou os casos dos jornalistas Lúcio Flávio Pinto e Daniel Fonseca, que enfrentam processos por sua atuação profissional, e do blog Falha de São Paulo, que satiriza o jornal Folha de S. Paulo e que também enfrenta processo judicial movido pelo jornal.
O GT colheu os depoimentos dos jornalistas Mauri König e André Caramante. Recentemente, eles foram obrigados a deixar o país devido a ameaças sofridas no exercício da atividade profissional. O caso está sendo acompanhado pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, que monitora mais oito envolvendo jornalistas, quatro de assassinatos.
A tentativa de censura ao Correio
Como bem destacou Gésio Passos, da Intervozes, outra forma de intimidação muito frequente vem ocorrendo no interior do Maranhão e já foi aplicado contra o redator-chefe deste Correio Buritiense: a intimidação por meio de processos judiciais.
Como já foi relatado aqui neste Correio, após uma série de denúncias de irregularidades envolvendo a administração do ex-prefeito Neném Mourão, inclusive da agressão cometida por ele contra uma ex-amante sua, Gerlene, com quem teve uma filha e que se recusa até hoje a pagar pensão alimentícia determinada pela justiça, ele entrou com um pedido de censura prévia contra o Correio Buritiense, em junho do ano passado, exigindo que o blog retirasse, em até 24h, todas as matérias que faziam referência a ele. O absurdo da ação do ex-prefeito ainda exigia, liminarmente, a proibição do blog em citar seu nome.
Sua liminar, sem fundamento, foi negada pela juíza de Buriti, Dra Vanessa Lopes, mas inconformado com a decisão ele recorre ao Tribunal de Justiça do Maranhão e sofreu nova derrota para o Correio. A desembargadora Dra Anildes Cruz negou novamente seu pedido contra o blog.
Na primeira audiência do processo, dia 6 de novembro de 2012, em que ele alega danos irreparáveis a sua imagem provocadas pelo redator-chefe, Aliandro Borges (percebam que não são seus atos administrativos que maculam sua imagem, mas sim as informações divulgadas pelo Correio) e exige uma indenização de 5 mil reais, o ex-prefeito se acovardou e não teve coragem de enfrentar o redator-chefe na audiência. O processo agora segue parado, aguardando outras determinações da juíza.
Essa ação judicial representa, na verdade, uma tática criativa e ditatorial de governos de viés antidemocráticos e que não convivem bem com a liberdade de imprensa, em intimidar jornalistas e blogueiros. São ações que só advém daqueles que se acostumaram a bajulices e não admitem opiniões distintas de suas gestões.

Postar um comentário

O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem. Ofensas pessoais, mensagens preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, ou ainda acusações levianas não serão aceitas. O objetivo do painel de comentários é promover o debate mais livre possível, respeitando o mínimo de bom senso e civilidade. O Redator-Chefe deste CORREIO poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.

Postagem Anterior Próxima Postagem
header ads
header ads
header ads